Em novembro o mundo se reunirá para o COP26, será a 26ª edição do encontro que visa debater e definir propostas para o combate ao aquecimento global. Apesar da sua biodiversidade, o Brasil perdeu espaço nos últimos anos sobre o assunto. No RDtv desta sexta-feira (17/9), o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy, relatou sobre as medidas que levaram o País a ter uma visão pior em relação ao meio ambiente e os debates que ocorrem antes da conferência que ocorrerá em Glasgow, na Escócia.
Bocuhy considera que o Brasil perdeu o protagonismo no debate ambiental nos últimos anos, principalmente se levado em conta o fato de o País não ter tido vontade de sediar o COP 25, em 2019. Inclusive, devido aos problemas do agendamento, o evento foi parar em Madri (Espanha), mas esvaziou.
Levado em conta o histórico do Brasil, principalmente ao ter sediado a primeira conferência de renome mundial sobre o assunto, a Eco-92, a mudança na imagem brasileira no exterior sobre o assunto gera uma série de problemas, principalmente para setores econômicos que dependem do meio ambiente para sobreviver e gerar exportações.
No caso do combate ao aquecimento global, a falta de investimentos no combate ao desmatamento e outros problemas que aumentaram nos últimos anos, como as queimadas e a estiagem, continuam a causar preocupação em todo o mundo.
“Nós temos de tomar muito cuidado com essa discussão no sentido de pensar que investimento em proteção, prevenção e mitigação sobre o aquecimento global é uma coisa apenas de países que possam investir. O Brasil, infelizmente, já atingiu 1,7°C de aquecimento, que é o aquecimento na plataforma sul-americana. Toda a discussão da conferência de Paris, em 2015, era para que não ultrapassasse 1,5°C, mas o Brasil já ultrapassou. O mundo, em média, tem 1,09°C de aquecimento global, mas as plataformas continentais têm o aquecimento maior”, explica o especialista.
Carlos relata que a expectativa é que o Brasil tenha um aumento no aquecimento de 0,36°C, o que atingiria uma média superior a 2°C de aquecimento, ou seja, 25% acima do que o acordado em Paris. Outro ponto que preocupa é que os Estados Unidos, com a crise econômica causada pela pandemia da covid-19, não estaria tão aberto a investimentos, principalmente para beneficiar a indústria.
Pandemia
A pandemia da covid-19 também vai influenciar no debate de novembro. Devido às medidas contra a propagação do vírus, muitos países seguem na lista vermelha do Reino Unido, ou seja, muitas delegações, como a do Brasil, teriam de ficar 10 dias em quarentena antes de circular por Glasgow. Tal fato, no olhar de Carlos Bocuhy, vai esvaziar a reunião e vai fazer com que os investimentos em países mais pobres não aconteçam, o que pode atrasar tudo que foi debatido e acordado na capital francesa, há seis anos.
Na época foi feito um acordo para que se investisse US$ 100 bilhões a partir de 2020 e até o momento só foram arrecadados US$ 79 bilhões, sendo que boa parte do valor é oriundo de empréstimos que contam com espaço muito curto para pagamento.