O conselho de médicos veterinários é para que donos de animais de estimação utilizem sacolas plásticas ao sair nas ruas para passear com os pets. No entanto, a falta de fiscalização e a indisponibilidade de sacolinhas de higiene nas vias públicas do ABC têm dificultado a boa prática. Irritada, a população se queixa da presença de fezes nas vias públicas.
Diadema, São Bernardo e São Caetano possuem leis que obrigam o recolhimento de resíduos fecais de animais conduzidos em espaços públicos. Mas apesar disso, a estudante de Publicidade e Propaganda, Jéssica Alves Damasceno, moradora do bairro Eldorado, em Diadema, diz que a população não respeita a legislação. “Não adianta existir legislação se não tem fiscalização”, diz ao citar que, na região onde reside, próximo à travessa Acari, há muita sujeira por conta das fezes deixadas por cães.
O descaso dos donos dos bichos de estimação é, também, em Mauá. O bairro São Judas se tornou alvo de reclamações por conta da sujeira promovida pelos animais de estimação. Carlos Roberto Gonçalves, morador da região, conta que falta de fiscalização, os moradores são obrigados a limpar os carros antes de entrar nas garagens. “Temos de parar o carro na rua, às vezes fora de hora, só pra limpar o carro e não sujar a garagem […] isso tudo porque os vizinhos não carregam sacos higiênicos”, reclama.
Falta de legislação
Em Rio Grande da Serra não existe legislação para fiscalizar os dejetos de animais nas ruas. A Prefeitura, por meio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, informou que, em 2022, irá criar Gerência de Bem-Estar Animal e Fauna Silvestre e iniciará estudo para implementar ação deste tipo.
Quem vive na cidade reclama da falta da sujeira em alguns pontos, inclusive na região central da cidade. “Sabendo que o cachorro faz necessidade na rua, os donos tinham que levar sacolinhas, mas não fazem isso […] sujam todo lugar, até os pontos de grande circulação”, reclama.
Cuidados básicos
No Brasil, existem 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos domésticos, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, a atenção e os cuidados com os animais de estimação devem ser redobrados, segundo alerta o veterinário de Rio Grande da Serra, Anderson Yogi Amorim.
O especialista alerta que, entre as doenças causadas pelas fezes dos pets estão parvovirose, vermes e diarreia, que podem ser adquiridas tanto na ingestão como no contato com a sujeira dos animais. “As verminoses são as doenças mais comuns. Esses vermes ficam no intestino dos cães, que quando defecam expelem um deles, a partir disso, se um animal ou uma pessoa entra em contato com essas fezes pode adquirir doenças”, alerta.
Em uma das verminoses, a ancylostoma, a larva pode causar lombrigas que ficam debaixo da pele. “Esse verme é muito comum em quem brinca descalço em campos de areia ou terra, por isso as crianças são os alvos mais comuns de adquirir essa doença e ficam mais expostos”, explica o veterinário ao citar que a verminose pode entrar no corpo humano e/ou animal através do contato oral ou físico.
A recomendação é que donos de animais recolham as fezes com saquinhos higiênicos e, em espaços a exemplo de prédios, condomínios e etc, hajam equipes de higienização atentas a eliminar qualquer resquício de contaminação. “O ideal seria que existisse isso, inclusive, em espaços abertos para reduzir a incidência de doenças, mas como não é possível, o recomendável é que as pessoas levem os sacos higiênicos”, afirma.
Procurada, as prefeituras de Mauá, Santo André e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento da reportagem.