O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia mostrou que o ABC fechou setembro com saldo positivo de 4,4 mil vagas de trabalho. O destaque é para os setores de construção, comércio e serviços, que superaram a indústria na geração de vagas em praticamente todas as cidades, exceto em Rio Grande da Serra, onde a indústria foi a segunda que mais gerou empregos, atrás somente da Construção Civil. Apesar de positivos, os novos números correspondem a quase metade do saldo de agosto, quando o registro foi de 8.486 vagas.
Para o economista e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Jefferson José da Conceição, os números podem apontar uma redução do ritmo de recuperação dos níveis de emprego. “A economia brasileira continua a retomar gradativamente a atividade econômica após as interrupções acentuadas geradas pela pandemia em 2020 e parte de 2021. Isto se expressa nos números destes últimos meses. Os números de agosto de 2021, em termos de saldo, foram maiores do que os verificados em setembro”, compara.
O professor considera que não há perspectivas muito boas para que os níveis de emprego continuem subindo. “Na medida que, em função da pandemia e da crise econômica, a ociosidade do parque produtivo das empresas era grande, é relativamente normal e esperado a recontratação de parte dos trabalhadores desempregados. No entanto, a partir da redução dessa ociosidade (quando 70% a 80% da capacidade produtiva são ocupados), o ritmo das contratações passa a depender da elevação dos investimentos privados e dos gastos públicos em contratações de obras e serviços de infraestrutura. Mas o cenário para o futuro não é favorável, por conta da expansão da inflação, aumento da taxa básica de juros e desvalorização do Real”.
Na região a cidade que mais cresceu em geração de postos de trabalho no ABC foi São Bernardo com alta de 0,73% em relação ao mês de agosto, com saldo de 1.852 postos de trabalho. Em seguida vem Diadema 0,70% de crescimento, e Santo André vem em terceiro com 0,69%. Em números absolutos, as mesmas três cidades aparecem no topo, com as empresas de São Bernardo com mais contratações (1.852 postos de trabalho de saldo) seguidas pelas andreenses (1.409) e Diadema (594).
Olhando o cenário do último ano e também dos últimos doze meses – entre outubro de 2020 e setembro de 2021 – Mauá se destaca, com geração de emprego em percentuais bem maiores até do que a média estadual e nacional. No ano a cidade foi a que teve o maior percentual de crescimento da região, 7,13% sobre o resultado do mês anterior, com saldo de 4.332 postos de trabalho. A variação no estado foi de 6,43% e no Brasil a variação foi de 6,38%. Em doze meses o desempenho também foi maior que a variação nacional e estadual, 9,46% contra 8,21% no Estado e 8,25% de crescimento nacional.
Em doze meses, considerando os números absolutos quem ficou com maior saldo de empregos em setembro foi São Bernardo (com 17.927 vagas), seguida por Santo André (11.285) e São Caetano (6.387). Os setores de Construção Civil, Comércio e Serviços superaram em praticamente toda a região o setor Industrial na contratação de mão-de-obra.
Jefferson José da Conceição vai além dos números apresentados no Caged. Ele analisa também outros índices para concluir que a massa salarial não vem crescendo na mesma medida do emprego, o que aponta para uma redução da renda dos trabalhadores. “Diversos indicadores (inclusive os da Rais-Caged) têm apontado para os baixos salários da maioria das vagas criadas em todo o país. A massa salarial (que é o total dos empregos multiplicado pelo salário médio), portanto, pode estar crescendo em ritmo inferior à já tímida expansão das vagas. Registre-se, inclusive, que uma parte das ocupações tem se dado na forma de contratos intermitentes, pelos quais os trabalhadores somente recebem se há serviços a serem executados”, conclui o economista.