A incidência de obesidade nas crianças e adolescentes das escolas de São Caetano aumentou 70%, de acordo com estudo piloto realizado pela USCS (Universidade de São Caetano do Sul) e Secretaria de Educação da cidade, que compara números coletados há 10 anos. Os dados são apenas um recorte feito com 97 alunos da rede, mas mostram preocupação e servem para que novas avaliações e medidas sejam realizadas.
O estudo fez testes de desempenho físico e variáveis antropométricas com os alunos de fundamentais 1 e 2, sendo do 1º ao 9º ano, de duas escolas da rede municipal, sob coordenação de Daniel Leite Portella, doutor em Educação Física e docente da graduação em Educação Física e do Programa de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde da USCS, que concedeu entrevista ao RDtv.
A prevalência de excesso de peso mostrou que 46% das crianças e adolescentes são classificados como sobrepeso e a incidência de novos casos para a obesidade saltou de 12% para 19%. “Isso é em uma década, pensando que o advento da pandemia potencializou. Então, a tendência é de aumentos seculares, mas obviamente o isolamento social fez com que o número fosse aumentado”, comenta.
Comparados aos referenciais da literatura, pré-pandemia, os dados atuais também mostram que as crianças estão abaixo dos referenciais, o que de acordo com Portella já era esperado. “As variáveis de saúde também estão abaixo e isso mostra uma prevalência bem importante no excesso de peso, pois temos 4 classificações quando usamos o Índice de Massa Corporal para classificar o indivíduo, de baixo peso, eutrofia, sobrepeso e obesidade”, explica.
Nos dados anteriores, os números entre meninos e meninas eram diferentes, com maior sobrepeso para meninos, mas que agora são praticamente equivalentes. “Em meninos acontecem mudanças distintas ocasionadas pelos hormônios, mas há uma tendência biológica maior nas meninas de acometimento maior de gordura (principalmente na adolescência), enquanto os meninos ficam mais tempo expostos ao cenário inflamatório, com resistência a insulina, hipertensão arterial juvenil e outras doenças metabólicas”, explica.
O cenário mostra, no entanto, apenas uma pequena parcela da população. Portella esclarece que os números serão apresentados à Prefeitura junto a uma proposta em calendário a longo prazo para que haja monitoramento dos índices com os alunos de forma periódica. “Perceber qual é o cenário e aquelas que necessitam de maior atenção pelas variáveis é fundamental”, diz. “Temos de cuidar das nossas crianças para que sejam adolescentes e adultos saudáveis”, completa.