De autoria dos vereadores Ana Veterinária (DEM), Renatinho do Conselho (Avante) e Silvana Medeiros (PSD), o projeto de lei nº 208/21, que institui o programa de prevenção e tratamento da endometriose, foi aprovado em sessão da Câmara de Santo André.
O objetivo é despertar a atenção da sociedade para uma doença silenciosa que acomete mulheres em todo mundo. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 6 milhões de mulheres, em idade fértil, são diagnosticadas com endometriose no Brasil.
A moradora de Santo André, Viviane Lopes, 35 anos, sofreu com a doença e recebeu o resultado positivo aos 27 anos, após uma crise hemorrágica que a deixou internada por 10 dias, em hospital particular. “Após muito tempo convivendo com os sintomas, recebi o diagnóstico por meio de um exame de ressonância com preparo pélvico. Passei por uma cirurgia de retirada do útero, que estava comprometido”, explica Viviane em entrevista ao RDtv.
Viviane conta ainda que o médico optou por deixar o ovário, mesmo tendo focos de endometriose, para evitar a menopausa precoce, quadro clínico que gera outros problemas de saúde.
Por conta dessa experiência e por outros casos na família, Viviane percebeu o mesmo quadro na filha Paola. A menina menstruou aos 9 anos e foi ao ginecologista aos 11, por conta das fortes dores e do ciclo irregular. “Assim como eu, Paola encontrou médicos sem empatia com o caso, que diziam ser normal do ciclo todos os sintomas. Após muitas consultas e tempo de espera no SUS, Paola foi diagnosticada, aos 14 anos, mas ainda não conseguiu o tratamento”, conta a mãe.
A história da moradora foi a inspiração para a criação do projeto de lei em Santo André. “Sugerimos com esta PL que sejam implantadas e reforçadas ações preventivas, de diagnóstico e tratamento da endometriose no Hospital da Mulher, para que mais mulheres tenham acesso aos cuidados necessários. Pedimos também por ações de apoio às famílias que sofrem junto com o paciente e necessitam de um acolhimento neste momento”, explica o vereador Renatinho do Conselho.
Fator genético
Estudos do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG) – principal instituição de pesquisas relacionadas ao tema nos Estados Unidos – apontam que a endometriose atinge 1 a cada 10 mulheres, e cerca de 51% dos casos envolvem fatores genéticos.
Ainda são desconhecidas as causas da doença, que possui caráter evolutivo. Pode chegar a casos graves e atinge outros órgãos como intestinos e ovários. Considerada sem cura, com tratamento adequado, dificilmente há retorno da doença. Entre os principais sintomas estão dor intensa na região pélvica (agravada no período menstrual e durante a relação sexual), sangramento menstrual irregular ou intenso, alterações intestinais durante a menstruação e dificuldade de engravidar.