O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT) disse em entrevista ao RDTv temer que o preço do diesel pressione as empresas de transporte público de tal forma que não seja possível segurar um aumento nas tarifas de ônibus, que não tiveram reajuste durante a pandemia. O petista também diz que não abandonou a luta com o governo do Estado para o fim das catracas instaladas nos dois terminais de ônibus da cidade (Centro e Piraporinha) que cobram uma tarifa extra de quem sai das linhas municipais para embarcar no sistema intermunicipal gerido pelo Estado.
Assim que assumiu a prefeitura, em janeiro deste ano, o prefeito anunciou o congelamento das tarifas de ônibus, que costumeiramente tem aumento no começo de cada ano. A tarifa vigente é de R$ 4,88 (valor integral). Em dinheiro, o passageiro paga R$ 4,65 e no Cartão SOU, R$ 4,25. O vale-transporte, por sua vez, está em R$ 4,88. “Todos os sistemas de transporte tiveram situação muito grave, primeiro pela pandemia, depois pelo preço do diesel. Podemos ter um reajuste de tarifa”, disse Filippi. A gestão petista, porém, considera a negociação aberta e que ainda é possível evitar o aumento.
Apesar de pessimista quanto ao valor da tarifa, o prefeito de Diadema, anunciou um projeto que vai beneficiar os usuários do transporte público nos fins de semana. Não se trata de tarifa zero, porém uma passagem com valor bem mais atraente. “Vamos ter uma tarifa de lazer no domingo que vai ser de R$ 2, uma oportunidade de garantir o movimento nas linhas e ajuda as pessoas para o lazer ou para visitar um parente”, disse.
Terminais
A briga de Diadema com o governo do Estado desde a instalação de catracas nos dois terminais metropolitanos para a cobrança da integração é antiga. O primeiro a tentar resolver a situação foi o prefeito Lauro Michels (PV) que, apesar de ser alinhado com o governo do Estado politicamente não conseguiu nada. Em janeiro de 2017 ele chegou a estacionar seu próprio carro na entrada do Temrinal de Diadema (Centro) para protestar contra a cobrança da integração. A tarifa foi implantada mesmo assim. Nos terminais, quem chega dos bairros e quer embarcar nas linhas da EMTU, gerenciadas pela Metra, tem que pagar R$ 1,15 de integração. No caminho de volta, ou seja, quando se sai do sistema do Estado, para as linhas municiais, não há cobrança de integração.
Filippi a luta contra as catracas em sua campanha para prefeito. Apesar de ser o Estado que pode deliberar se cobra ou não pela integração, o petista colocou isso no debate político. Passado praticamente um ano de gestão o prefeito se diz desapontado, mas que não desistiu da briga. Ele quer colocar na balança desta negociação outras situações em que prefeitura e governo estadual deixaram as diferenças políticas de lado e celebraram parcerias. “Fico com sentimento ruim com o governo do Estado, fizemos algumas coisas em parceria; abrimos a Rede Lucy Montoro, por exemplo, que estava parada, teve também o anúncio do Bom Prato para Diadema, o Doria (João Doria, governador do Estado – PSDB) veio aqui”, citou.
O petista também quer trabalhar em cima dos números, nas planilhas de custos das empresas para convencer o Estado de que compensa tirar as catracas. “Diadema é diferente; tem dois terminais que trabalharam 26 anos sem catraca e isso melhorava para todos, pois promovia o aumento de usuários e melhorava a receita do sistema. O que está acontecendo é um interesse empresarial obtuso que dificulta. As nossas linhas têm aproximadamente cinco quilômetros, depois disso 80% dos usuários usa mais cinco até o Jabaquara. Já em São Paulo um ônibus anda de 15 a 20 quilômetros com uma tarifa. A gente prova isso na planilha, é totalmente possível. Governo do Estado, sem compromisso algum, renovou com a Metra mais 20 anos de concessão”, lamenta.
Alternativa
Se Filippi não conseguir reverter com o Estado a cobrança da tarifa de integração, já anunciou que fará seu próprio terminal de ônibus para fazer a integração gratuita com os ônibus intermunicipais e fazer concorrência com a Metra. “O plano é que tenhamos nosso terminal integrado com as linhas de São Paulo”, comenta.
Porém o a construção de um novo terminal ainda é um plano B e um plano caro para a prefeitura, por isso o petista ainda vai tentar esgotar todos os canais de conversas com o Estado. “Eu ainda estou otimista de que vamos ter o avanço (na negociação)”, disse o prefeito. “Quero insistir muito com o Rodrigo Garcia (vice-governador) que está nos devendo uma resposta. Eu disse para ele ‘me dá os terminais que eu assumo o custo, fico com os dois terminais e vamos ter mais incentivo para o comércio no entorno deles’”, reproduziu.