O samba carioca perdeu um de seus maiores expoentes neste sábado (11/12). Morreu o sambista e presidente de honra da Escola de Samba Portela, Monarco. O cantor estava internado no Hospital Federal Cardoso Fontes, desde novembro, onde foi submetido por uma cirurgia no intestino, mas não resistiu às complicações.
A assessoria da escola de samba Portela, confirmou nas redes sociais a morte do cantor e não foram divulgadas as informações sobre velório e enterro. Monarco tinha 88 anos. Nesta sexta-feira, 10/12, o sambista tinha sido homenageado durante a inauguração da Sala de Troféus da Portela, que leva seu nome. “Sua última apresentação em público foi onde mais gostava de cantar, em casa, na quadra da Majestade do Samba! Na ocasião, participou da edição de outubro da Feijoada da Família Portelense ao lado de seus companheiros de estrada e de vida da Velha Guarda Show”, informou a escola em sua conta oficial no Instagram.
Zeca foi um dos primeiros a lamentar a morte de Monarco
Hildemar Diniz nasceu em Cavalcante, na zona norte, mas se mudou ainda menino para Oswaldo Cruz, também na zona norte, bairro da Portela.
Ainda criança começou a compor. Aos 17 anos já era da Ala de Compositores da escola de samba.
Monarco é autor de alguns dos sambas mais clássicos da Portela, como “Passado de Glória”, “Triste Desventura”, “Vai vadiar” e “Coração em desalinho” – essas duas últimas se tornaram grandes sucessos na voz de Zeca Pagodinho.
Zeca foi um dos primeiros a lamentar a morte de Monarco. “Perdemos Monarco, nosso mestre, a Portela está triste, o mundo do samba está triste. Só tenho a falar que tive uma missão bacana, não fez feio, cumpriu a missão dele e Deus recebe”, disse, em vídeo para redes sociais.
Poucos minutos depois de a morte do sambista ser confirmada, a cantora Marisa Monte postou em uma rede social: “Monarco sempre foi um mestre nato, de personalidade generosa, que gostava de compartilhar seu saber e suas histórias. Sua memória prodigiosa guardava os melhores sambas e era nossa enciclopédia”.
Em 1999, Marisa convidou toda a Velha Guarda da Portela para gravar o CD Tudo Azul. Quase dez anos depois, em 2008, Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor lançaram o documentário “Mistério do Samba”, produzido por Marisa Monte, que tem Monarco como um dos principais personagens.
Paulinho da Viola também homenageou o sambista: “Hoje nós perdemos, não só para o povo da Portela, mas para todos aqueles que tem um amor pelo samba e sabem da importância do samba na cultura brasileira, nós perdemos uma das figuras mais importantes dos últimos tempos, que é o Monarco. Eu tive o prazer de conviver com ele e de gravar músicas dele. Eu conheci Monarco em 1964, quando cheguei na Portela e ele já era um sucesso.”
O governador do Rio, Claudio Castro, também lamentou a morte: “o samba perde uma de suas maiores expressões. Lamento profundamente o falecimento de Mestre Monarco e expresso meus mais profundos sentimentos à família portelense e ao mundo do samba, ao qual ele dedicou seus 88 anos de vida”.
A diretoria da Portela citou os versos de Dona Ivone Lara na canção “Adeus de um poeta” para se despedir do sambista: “Por nós tu não terias ido embora/É doloroso/Todo o samba chora/É triste mas foi mais um bamba, que o mundo do samba perdeu”.
Monarco deixa esposa, filho, netos e uma legião de fãs e admiradores. Ainda não há informação sobre velório e enterro.