A política de São Caetano termina o ano de 2021 com uma história herdada de 2020. Foram 403 dias entre a votação na cidade e a posse de José Auricchio Jr. (PSDB) como prefeito, ao lado do vice-prefeito Carlos Humberto Seraphim (PL). Sem a novela, os políticos voltam sua atenção para as próximas disputas de 2022 e de 2024, em um novo processo de sucessão.
O ano começou com a incerteza sobre o futuro político da cidade. Com a impugnação da candidatura de Auricchio, a cidade viu a decisão sobre o comando do Palácio da Cerâmica acontecer de maneira indireta. Eleito presidente da Câmara, Tite Campanella (Cidadania) assumiu o comando da Prefeitura. O prefeito interino até considerou que não ficaria mais de 100 dias no cargo, mas acabou ficando 350 dias.
Mantendo boa parte da equipe que estava no primeiro escalão, Tite teve que seguir na gestão dos cuidados com a pandemia e lidando com o que podia na cidade. Com maioria na Câmara, comandada por Pio Mielo (PSDB) pelo quinto ano seguido, o governo conseguiu emplacar seus pensamentos sem qualquer dificuldade.
Enquanto isso, Auricchio seguia para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) após uma sequência de derrotas em São Caetano e no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). E na principal Corte Eleitoral já chegou com novo revés, pois em decisão monocrática o então ministro Luis Felipe Salomão negou o recurso do tucano.
Um novo recurso especial foi protocolado e Salomão resolveu levar a situação para o plenário. Uma sessão virtual de 24 horas foi convocada para o dia 28 de outubro. O ministro relator mudou de opinião e deu razão para Auricchio, pois considerou que apesar da comprovação de que houve irregularidades nas doações recebidas pela campanha do tucano em 2016, não houve dolo do então candidato e sim houve um problema com a empresa de contabilidade contratada.
Edson Fachin seguiu Salomão, mas o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, pediu vistas, assim aumentando o suspense para o resultado. Quando todos achavam que tal situação só seria resolvida em 2022, o julgamento foi remarcado para 16 de dezembro, desta vez em plenário físico, ou seja, com a possibilidade que todos pudessem acompanhar o processo em tempo real.
Em cerca de 20 minutos a situação política foi definida. Auricchio ganhou o sim dos sete ministros e por unanimidade ganhou o direito de tomar posse pela quarta vez, algo que aconteceu no dia 23 de dezembro.
Demais atores
O outro interessado nesse processo, o ex-vereador Fabio Palacio (PSD) acabou irritado com a decisão unanime do TSE. Durante todo o ano o advogado realizou reuniões e encontros para concretizar o apoio de diversos setores para uma disputa suplementar, o que não aconteceu. Em seu caso a expectativa fica sobre uma possível participação em 2022 ou o foco em seus esforços em 2024.
Tite Campenella reassumiu o comando da Câmara, mas pelo tempo que ficou no Paço acabou ganhando força para uma possível tentativa de se tornar prefeito em 2024, principalmente por ser considerado um dos mais leais apoiadores de Auricchio.
Pio Mielo termina o ano apenas como vereador, mas seu nome é ventilado para assumir o comando da Secretaria de Educação. O atual secretário, Fabrício Coutinho, chegou a ser alvo de diversas críticas na tentativa de retomada das aulas presenciais.
Outro nome que ganhou protagonismo foi Edison Parra (Podemos). Histórico aliado de Auricchio, o parlamentar acabou assumindo uma cadeira após o falecimento de Suely Nogueira, em novembro, porém, desta vez chega ao Legislativo como um oposicionista.
Para 2022, Thiago Auricchio (PL) busca a reeleição como deputado estadual. Marcel Munhoz (Cidadania) vive a expectativa de também angariar apoio para uma futura candidatura.