Há centenas de milhares de anos o mundo era formado por um único continente, a Pangeia. Com a movimentação das placas tectônicas os continentes se formaram da maneira que conhecemos. É assim que se conta a história do Planeta Terra e é assim que se conta a história da Vila de Paranapiacaba no documentário e no livro digital ‘De Paranapiacaba a Peabiru’, lançado em 18 de dezembro. Ao RDtv, nesta terça-feira (28/10), o produtor cultural Ale Oshiro explicou o conteúdo do projeto e apontou para as necessidades de preservação do local e da cultura do ABC.
A junção de curiosidade e pesquisa, aliadas ao investimento cultural a partir da Lei Aldir Blanc e do Fundo Cultural de Santo André, nasceu o projeto que conta a história de Paranapiacaba antes da chegada dos ingleses, apontando para a formação indígena que ajudou no nascimento de Santo André da Borda do Campo, o início da região.
“Eu acho que trazer todo esse conteúdo que está no documentário tem um objetivo e esse objetivo é mostrar o quanto é relevante se conservar Paranapiacaba da forma que está. As vezes temos essa ideia, ‘vai ter empregos?’, mas muitos esses empregos são gerados em empreendimentos que acabam derrubando as árvores e destruindo o local. Será que esses empregos não poderiam ser gerados em outro local e assim poderíamos preservar Paranapiacaba? Precisamos definitivamente limitar até onde podemos ir”, comenta Ale.
O projeto também conta a história do Caminho do Peabiru, que é um conjunto de trilhas de carca de 3 mil quilômetros que atravessavam o Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru, e que foram utilizados por indígenas, e na sequência pelos colonizadores ingleses, para circular pelo continente sul-americano.
Outro destaque é a busca de um novo olhar sobre a formação do ABC e o alerta sobre a “romantização” da aliança entre João Ramalho e o Índio Tibiriça, além da própria história da exploração das terras dos indígenas pelos colonizadores.
Ale Oshiro se aliou a diversos professores, pesquisadores e monitores da Vila de Paranapiacaba para realizar a pesquisa histórica sobre o assunto. O produtor cultural, que vivem em na Vila desde 2017, ressaltou a necessidade de um maior investimento na cultura da região, principalmente sobre sua formação, algo que acaba limitado ao período da industrialização, na década de 1950.
Para ajudar nessa missão, a ideia é exibir esse documentário em escolas da região e promover debates para que os alunos possam entender as origens do ABC.