Neste sábado (01/01) a Associação Médica Brasileira, por meio do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19, rebateu as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o passaporte da vacina e a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade. A entidade médica se baseia nas cerca de 300 mortes por coronavírus nesta faixa etária.
No pronunciamento Bolsonaro disse que é contra o passaporte e que só aceita a vacinação com prescrição médica. “Não apoiamos o passaporte vacinal nem qualquer restrição àqueles que não desejam se vacinar. Defendemos que as vacinas para crianças entre cinco e 11 anos seja aplicada somente com consentimento dos pais e prescrição médica. A liberdade tem que ser respeitada”, disse o presidente.
A AMB se manifestou a favor da vacinação sem que seja necessária a prescrição. “Empenhamos nossa mensagem tranquilizadora às famílias brasileiras, baseada à luz das melhores evidências científicas. Destacamos que a autorização da imunização na infância segue o mesmo rigor e normas de eficácia e segurança das demais faixas etárias. Atende de forma plena aos critérios exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, para vacinação de todos os públicos. Critérios estes foram igualmente adotados pela European Medicines Agency, EMA, Food and Drug Administration dos Estados Unidos, FDA, pela Divisão de Alimentos e Produtos para a Saúde do Canadá (HPFB), e outros órgãos similares de vários países de todo o mundo. Lembramos que a liberação por parte da Anvisa, neste e em quaisquer casos/faixas etárias, somente ocorre após rigorosos estudos clínicos, tendo como voluntários milhares de indivíduos, com o objetivo de garantir a segurança e eficácia”, diz a associação em nota.
A entidade citou números como os dos Estados Unidos, que já vacinou mais de 7 milhões de crianças com a vacina da Pfizer, sendo que 2 milhões delas já receberam a segunda dose. “Infelizmente já registramos cerca de 300 óbitos na faixa etária de 5 e 11 anos desde o início da pandemia: média de 150 ao ano. Novas mortes são absolutamente evitáveis e temos obrigação de trabalhar nesse sentido. Enfatizamos que crianças podem também serem acometidas pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica associada ao SARS-Cov-2; desenvolverem sequelas e covid longa. Portanto, a vacinação é essencial para reduzir e evitar sofrimento, hospitalizações e mortes. Além disso, a imunização é indispensável para reduzir a transmissão, em particular por enfrentarmos uma doença com ciclos inesperados e o surgimento de novas variantes. Vemos agora novas ondas na Europa e nos Estados Unidos, atingindo, proporcionalmente, muito mais crianças e adolescentes. Faz-se necessária a urgente aquisição das doses pediátricas pelo Ministério da Saúde”.
A entidade médica citou outras doenças como gripe, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite A, que fizeram menos vítimas na pediatria. “Não hesitamos em recomendar a imunização contra todas elas. Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, ocupação de leitos em UTI, entre outros. Do ponto de vista social, além dos aspectos morais, psicológicos e emocionais, a perda de uma criança tem significado ainda maior do que a do adulto; em cálculos de fármaco-economia, conceitua-se como anos de vida perdidos. São incontáveis as justificativas éticas, epidemiológicas, sanitárias e de saúde pública que justificam a imunização da população pediátrica, desde que, claro, com vacinas de segurança e eficácia comprovadas por nossa agência regulatória”, conclui nota da AMB.