Dados da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) dão conta de que em 2021 foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans no país e o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+. Deste total, 135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas. Desse total de vítimas 81% era de negros ou pardos. Diante deste cenário e da passagem do Dia da Visibilidade Trans no sábado (29/01), o RDTv conversou com o coordenador de Políticas de Diversidade de Diadema, Robson Carvalho, que disse que a prefeitura pretende criar os conselhos municipais de Diversidade e de Direitos Humanos e ainda faz um estudo sobre como fazer um censo da população LGBTQIA+, para o estabelecimento de mais políticas inclusivas.
“Essa era uma pauta esquecida. Governo federal menospreza ela como menospreza questões de igualdade racial, juventude e mulher. Falar de diversidade é falar de instrumentos para dar voz e vez a essa população. A comunidade LGBT em Diadema era esquecida, desde a saúde a educação e outras demandas. Com a criação da coordenadoria, no finalzinho de julho de 2021 tivemos a primeiro ambulatório de saúde integral para a população de travestis e transexuais. Foi um desafio, mas também foi uma glória porque nós estamos deixando a nossa marca da esperança; e de trabalhar para o outro”, disse Carvalho.
Além de cuidar da saúde, dar condições dignas para essa comunidade foi outro desafio da coordenadoria que criou o Capacitar, em parceria com a empresa Ecovias e já diversas pessoas já conseguiram emprego através dos cursos ministrados. “Foi uma semana de capacitação e os que participaram tiveram oportunidade de inserção no mercado de trabalho. 13 pessoas participaram do curso. A Ecovias nos procurou e uma parcela do público já está trabalhando. Mas na Fundação Florestan Fernandes, temos outros cursos que iniciam agora este ano eles tem desde panificação, cuidador e outros. Faço um desafio para os empresários de Diadema e do ABC para que possamos criar outros Capacitar. Podem nos procurar através do email: coordenadorias@diadema.sp.gov.br que estamos de portas abertas para fazer essa política de inclusão e de respeito a todos que precisam da nossa ajuda. Também podem nos procurar através do telefone 4057-7925.
Ambulatório
Desde que foi inaugurado em setembro de 2021, o Ambulatório DiaTrans de Diadema já tem 120 matrículas. O equipamento funciona no Quarteirão da Saúde. “Temos uma agenda já aberta e ela está sendo muito procurada, são pessoas só do nosso município e fazemos a provocação para que as outras cidades também criem um Ambulatório DiaTrans, com esse nome ou com outro, mas que tenha essa preocupação com a saúde
Segundo Robson Carvalho a prefeitura tem como meta continuar com o programa de empregabilidade, continuar com a política de inclusão da comunidade LGBTQIA+ na Saúde, na Habitação e principalmente na questão da educação. “Outro desafio também é a criação do conselho da Diversidade Sexual, e do Conselho de Direitos Humanos porque a gente acredita que, com a participação popular a população ganha e a comunidade LGBT sai do quarto escuro”, diz o coordenador.
A prefeitura também trabalhou com o funcionalismo público a questão do respeito. “Orientamos os nossos profissionais, seja da saúde ou das demais áreas sobre a importância de respeitar a população LGTBQIA+ que procura os nossos serviços e principalmente respeitar o nome social dessas pessoas”, explica.
Outra questão polêmica que a coordenadoria quer trabalhar nos poderes Executivo e Legislativo da cidade é a do banheiro unissex. A cidade implantou um banheiro assim no Quarteirão, para atender também o público que busca o ambulatório. Há uma resistência muito grande de setores políticos mais conservadores quando a liberação deste tipo de banheiro. “Lembro que banheiro é banheiro, você vai para suas necessidades fisiológicas. Precisa de uma privada, uma pia e uma porta, qual é o problema de ter um banheiro que sirva a população LGBTQIA+? A gente não quer impor nada, quer fazer essa política de educação. É muito difícil uma mulher trans ou uma mulher travesti usar um banheiro masculino. Porque não ter esse espaço unissex?”, analisa.
Censo
A prefeitura de Diadema quer fazer um censo da população LGBTQIA+ para ter ainda mais de precisão na hora de criar políticas públicas de atendimento. “O que temos hoje é uma coisa bem simples. Mas temos a intenção de fazer um censo para trabalhar a temática juventude, igualdade racial, mulheres e a temática LGBTQIA+. Estamos vendo a questão de recursos para fazer esse possível censo, esse mapeamento. O que temos hoje é um grupo através do qual vamos recebendo um pouco das demandas e onde está concentrada essa população em Diadema. A ideia é iniciar esse censo este ano”, finaliza Robson Carvalho.