O ABC sofre com os transtornos causados pelas chuvas fortes. Além dos alagamentos, a região registrou somente em janeiro 149 ocorrências relacionadas à queda de árvores. Em São Bernardo, foram atendidos 38 casos. No mesmo período do ano passado foram 40 atendimentos de queda de árvores na cidade, e em todo ano de 2021, o número chegou a 76.
Um dos meios utilizados pelas cidades para evitar o tipo de acidente é a poda preventiva, que além de auxiliar na prevenção de quedas, ainda evita o contato dos galhos das árvores em fios elétricos nas ruas e residências. Em São Bernardo foram realizadas, em janeiro deste ano, mais de 1,8 mil podas preventivas.
Para executar o serviço é preciso entender cada espécie e observar diversos fatores, para garantir também que a árvore possa se recompor e continuar o crescimento saudável. “A poda é necessária para evitar acidentes, mas é importante lembrar que não se pode decapitar a árvore, retirar toda a copa. Temos de respeitar cada espécie e retirar os galhos de forma que mantenha o equilíbrio daquela árvore, e assim evitar quedas, por exemplo. Há uma forma correta de se fazer e existem manuais que explicam o procedimento”, ensina a professora Marta Marcondes, bióloga e gestora do projeto IPH (Índice de Poluente Hídricos) e pesquisadora da USCS (Universidade de São Caetano).
Além das copas, é importante observar as raízes das árvores, bem como conhecer as espécies antes de plantar. Marta afirma que o processo de urbanização não foi realizado com planejamento de arborização adequado. Não se pensou em espécies próprias para cada local ou não foram respeitadas as já existentes. Há casos de moradores, diz, que revestem a calçada até muito próximo ao caule dessas árvores, o que impede o crescimento e a entrada de água, e provocar doença. “Também há casos em que, por desconhecimento, se planta, próximas de residências, espécies que têm raízes longas e essas danificam calçadas, vias e casas no entorno”, afirma.
Em Santo André, no ano passado, o Departamento de Manutenção de Áreas Verdes (DMAV) realizou mais de 10 mil podas de manutenção, que são podas de limpeza (quando há algum tipo de praga), bem como de condução do crescimento da espécie, de eliminação de conflito com edificações e redes particulares de energia elétrica e para balanceamento (busca o equilíbrio), além das mais de 400 podas preventivas.
Em janeiro deste ano, a cidade registrou 15 ocorrências de quedas de árvores, mesmo com 18 ações de prevenção. A professora explica que poda é um procedimento que deve ser feito regularmente, porque as árvores não param de crescer. Ressalta que o poder público deve realizar esse serviço, mas os moradores também são fundamentais na preservação e observação, pois existem inúmeros fatores, diferentes para cada espécie, que podem gerar acidentes.
Conscientização
Para a bióloga, a sociedade civil pode apurar o olhar para a vida que está ao redor e as prefeituras realizarem trabalho de conscientização. Exemplo, diz, é ampliar a divulgação dos telefones de contato dos serviços e capacitar os profissionais. “Assim a população pode ‘adotar’ as árvores mais próximas de suas residências. Passe por elas, observe os sinais da saúde dessas plantas, se as folhas estão mais amarelas, se apareceram rachaduras novas, se há a presença de insetos diferentes nos galhos e caules. Conheça e verifique as diferenças na aparência da árvore, procure o serviço da cidade para averiguação da saúde desse ser vivo. Isso pode evitar acidentes”, ressalta.
Outras cidades também registraram acidentes relacionados à queda de árvores. Diadema atendeu 8 ocorrências e realizou 47 podas preventivas, em janeiro deste ano. Em 2021, foram 23 atendimentos de queda de árvores na cidade e 44 procedimentos.
Já São Caetano apresentou o menor índice de ocorrências. A cidade registrou apenas um atendimento de queda de árvore em janeiro, o mesmo número registrado no primeiro mês do ano passado. Em 2021, São Caetano atendeu 4 ocorrências, entre os meses de janeiro e dezembro. A cidade promove o serviço de poda preventiva em copas e raízes das árvores. Somente em janeiro deste ano, foram mais de 200 podas preventivas. Em 2021, foram mais de 4,1 mil procedimentos preventivos realizados.
Solicitações de atendimentos
Moradores que necessitarem do serviço de poda podem entrar em contato diretamente com as prefeituras. Em São Bernardo, o procedimento é realizado pela Secretaria de Serviços Urbanos e a solicitação pode ser feita pelos telefones 0800 770 8156 e (11) 2630-4650, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, ou pelo site da Prefeitura (aba Guia de Serviços).
Em Diadema, moradores podem acionar a Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (Semasu) pelo telefone (11) 4059-7600, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
O Departamento de Manutenção de Áreas Verdes (DMAV) de Santo André atende presencialmente, com agendamento prévio. Informações pelos telefones 156 ou 0800-0191944, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Já em Ribeirão Pires, o atendimento é coordenado pela Defesa Civil e pode ser acionado todos os dias da semana (24h), pelo telefone 199.
Mauá e Rio Grande da Serra não enviaram informações até o fechamento desta matéria.