A troca da bilhetagem eletrônica, do cartão Bom para o cartão Bus-fácil, tem gerado transtornos aos usuários das linhas de ônibus municipais da empresa Rigras/Suzantur, em Ribeirão Pires. Desde dezembro do ano passado, a empresa deu início à transição dos cartões e promoveu plantões no terminal rodoviário para que moradores solicitassem o novo bilhete eletrônico. Mas os novos cartões solicitados, principalmente por empresas, ainda não foram entregues aos usuários e o transporte municipal promoveu o desligamento do cartão Bom, desde terça-feira (01/02).
Tal situação gerou problemas aos passageiros, que se vêm forçados a pagar a passagem do próprio bolso. É o caso da moradora do Jardim Ribeirão Pires, Sonia Maria Lopes Oliveira, que relata que houve falhas na divulgação das ações. Segundo a moradora, pela faixa colocada no terminal rodoviário e no site oficial do Bom, foi possível entender que a partir do dia 31 de janeiro não seria possível realizar a recarga no cartão e o saldo existente poderia ser utilizado até março deste ano. “Para minha surpresa, ontem fui trabalhar e o Bom estava bloqueado, por sorte eu tinha dinheiro, mas vi muitas pessoas descendo do ônibus para seguir a pé para o centro da cidade. E ainda tenho saldo e não vai ser transferido ao novo cartão. Isso é inadmissível”, conta.
Desde 16 de janeiro, o pagamento em dinheiro da tarifa aumentou de R$ 4,40 para R$ 5, em Ribeirão Pires. Pela bilhetagem eletrônica (Cartão Bus-fácil) o valor permaneceu em R$ 4,40. Sonia conta que a empresa em que o marido trabalha optou por realizar o pagamento do vale transporte em dinheiro, enquanto o cartão não chega. “Mas eles realizaram o débito do valor unitário de R$4,40, que é o preço que eles pagam na bilhetagem eletrônica. Mas meu marido, por utilizar o dinheiro, acaba pagando R$5 por passagem. Não é justo, me sinto sem respaldo”, relata.
A mesma situação é vivida pelo morador Biucleber Araújo Júnior, que realizou a solicitação do bilhete Bus-fácil junto ao RH da empresa dentro do prazo correto, mas ainda não recebeu o novo cartão. Dessa maneira, Araújo deve arcar com os custos do transporte até que a situação seja resolvida. A empresa em que trabalha se nega a pagar em dinheiro, por conta da diferença entre os valores do pagamento com bilhetagem eletrônica e o em dinheiro. “Terei um gasto de cerca de R$ 50 por semana. A empresa vai me ressarcir, mas mesmo assim vou perder o dinheiro que uso para pagar outras contas”, relata o morador.
A falta de informações gera mais inseguranças entre os moradores. “O RH mandou e-mail e a Rigras não retorna com informações. Liguei hoje e não souberam me informar, não dão prazo. Mudar de cartão não é o problema, mas o processo de troca se torna um problema se não for bem planejado. Nisto a Rigras/Suzantur está pecando desde o início”, conclui Araújo.
Logística
Em um grupo de Facebook que reúne moradores da cidade, a reclamação sobre a demora na entrega dos novos cartões é unânime. “Minhas filhas já solicitaram junto à empresa em que trabalham e enquanto não receberem os novos cartões terão que pagar do próprio bolso, mesmo ainda tendo crédito no cartão Bom. Elas terão que desembolsar R$ 10 reais por dia para ir trabalhar. Foi uma transição muito mal feita”, conta Andréa Alves. “Elas trabalham de segunda a sábado, vão gastar R$ 60 por semana, nesta crise econômica não está fácil desembolsar esse dinheiro”, afirma.
Outra reinvindicação é a transferência do saldo remanescente no cartão Bom. “Como vamos perder o benefício dado pelas empresas e que já foi pago? Eu não consigo entender isso, não está certo”, reclama Alves.
Em nota, a concessionária de transporte público da cidade informa que solicitou junto a empresa administradora do cartão Bom, a Autopass, “prazo maior para que os passageiros pudessem esgotar seus créditos nos ônibus municipais, porém a demanda não foi atendida”. A empresa ainda reforça que para solicitar a transferência de saldo, os moradores devem entrar em contato diretamente com a operadora pelo telefone (11) 3888-2200 ou pelo e-mail
atendimento@autopass.com.br.
Sobre a divulgação da transição do sistema a Rigras informou que foram colocados diversos banners e faixas no terminal rodoviário, bem como dentro dos veículos. Exclusivo para as linhas municipais da cidade, o Bus-fácil contemplará todas as modalidades, como o cartão comum, cartão do idoso e o cartão estudante.