O segundo mês do ano é dedicado à conscientização sobre a leucemia, um câncer do sangue que pode surgir em qualquer pessoa, de qualquer idade, e é mais comum em crianças. Além de conscientizar sobre a doença, a campanha Fevereiro Laranja busca alertar sobre a importância da doação de medula óssea.
Em entrevista ao RD, a hematologista Davimar Miranda, professora de Hematologia e Oncologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e coordenadora da Hematologia do Hospital Estadual Mario Covas, explica como a doença ataca a área, onde o sangue é fabricado, na medula óssea. “A leucemia é um câncer que acomete as células da medula óssea, a fábrica do sangue. O sangue tem várias funções no nosso corpo, os glóbulos vermelhos levam oxigênio para os tecidos, os glóbulos brancos são células de defesa e as plaquetas atuam na coagulação do sangue. As leucemias podem ser agudas e crônicas, diferindo em sua evolução e tratamento”, afirma.
“Nas leucemias agudas acometem o função de todas as células do sangue. Dessa forma, o portador tem anemia com sintomas de cansaço, fraqueza, astenia e sonolência; apresenta também queda das células de defesa o que leva a infecções graves e plaquetas baixas com manchas roxas pelo corpo, sangramento do nariz, gengiva. Já nas leucemias crônicas, o paciente pode ser assintomático, mas terá alterações no hemograma, frequentemente com aumento do número de leucócitos“, diz a especialista ao ser questionada sobre os sintomas da doença.
As leucemias são um grupo heterogêneo de doenças com predisposição para elas pessoas que foram expostas à radiação, solventes, derivados do petróleo, quimioterapia, radioterapia e defensivos agrícolas.
Nas leucemias agudas, o diagnóstico é feito através da análise das células da medula óssea. De acordo com suas características morfológicas (o aspecto da célula), fenotípicas e citogenéticas, e mais recentemente, alterações moleculares. Neste sentido, diante de sinais e sintomas compatíveis, o paciente deve ser sempre encaminhado ao hematologista. Nas leucemias crônicas o simples achado de alterações no hemograma já sugere este diagnóstico. Nesse caso também vale ressaltar a necessidade de encaminhamento para o especialista.
Em relação ao tratamento, Davimar explica que as leucemias agudas são tratadas com poliquimioterapia, agentes hipometilantes e, a depender da faixa etária e da agressividade da doença, transplante de células tronco hematopoiéticas. E as leucemias crônicas são tratadas com terapia alvo: medicamentos que vão atuar na célula transformada.
Para Rogério Oliveira, presidente da Abramm (Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo), a doação de medula óssea é tão importante quanto a doação de sangue. Porém, a doação de medula óssea é um pouco mais específica porque favorece um grupo de pacientes com doenças que comprometem a produção normal de células sanguíneas, como as leucemias; além de portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita. “A doação de medula é de extrema importância tendo em vista a necessidade da medula do doador ser compatível com a do receptor. Daí a necessidade de termos um grande número de doadores para que a busca pela compatibilidade seja menos difícil. A doação, além de um gesto de amor ao próximo, ajuda a salvar vidas”, expõe Oliveira.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer estimam que até o final deste ano, mais de 10 mil casos de leucemia devem surgir em todo o país. Ainda de acordo com números apresentados pela instituição, entre 2020 e 2021 a incidência de novos casos acometeu principalmente os homens, que somaram 55% de registros em todo o Brasil.