Saúde mental de infectados pela Covid-19 vira preocupação dos municípios

Caps são os principais pontos de referência para tratamentos (Foto: Divulgação)

Durante todo o período de pandemia a saúde mental das pessoas foi uma das principais preocupações, não apenas por causa dos períodos de isolamento, mas também entre os infectados pela Covid-19 que desenvolveram a forma moderada ou grave da doença, fato que força a internação desses pacientes. Procurados pelo RD, municípios da região apresentam suas estratégias para cuidar desses grupos.

Tal preocupação foi tema de um estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que foi divulgada na revista científica General Hospital Psychiatry. Após avaliação de 425 adultos que tiveram alta hospitalar após casos do novo Coronavírus, entre seis e nove meses após a alta este grupo apresentou 32,2% a mais de incidência de transtornos psiquiátricos em comparação a média nacional. Sobre casos de depressão a prevalência foi 8% maior que a média e nos casos de ansiedade foi de 14,1%.

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Tais patologias foram encontradas também pelas equipes médicas de cinco dos sete municípios que atenderam a reportagem (as exceções foram Mauá e Rio Grande da Serra). Além da depressão e da ansiedade, em alguns casos foram apresentados sintomas de estresse pós-traumático e síndrome do pânico, fora a fobia de contrair novamente a doença e passar pelo mesmo processo.

Como se tratar em cada município

Em Santo André, a Secretaria de Saúde informa que toda a rede está preparada para atender os pacientes que estão com qualquer tipo de sequelas de Covid-19. Dependendo do tratamento necessário em alguns casos o médico vai até a casa do munícipe, e em outros a porta de entrada na busca de uma avaliação são as UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

“Está em vigor desde o início da pandemia um programa da Secretaria de Saúde que monitora todos os pacientes que tiveram alta hospitalar, após contraírem a doença. A partir da visita de agentes comunitários, busca ativa ou telemonitoramento – e sendo identificadas sequelas -, os pacientes são encaminhados para avaliação, ao serviço de reabilitação adequado, e contam com acompanhamento de pneumologistas, neurologistas, cardiologistas ou clínicos nas unidades da rede, conforme necessidade”, explicou.

Em São Bernardo, a média mensal de atendimentos na Rede de Atenção Psicossocial é de 15 mil, incluindo pacientes que contraíram o Covid-19. A porta de entrada para o atendimento é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).

“Para prestar atendimento aos profissionais de Saúde que atuaram na linha de frente desde o começo da pandemia, foi instituído o “Cuidando de quem Cuida”, projeto de acolhimentos e apoio psicológico telefônico aos profissionais. Em 2021, em continuidade a este projeto, foi realizada a sensibilização dos gerentes responsáveis pelas unidades de saúde sobre a importância do acolhimento e do olhar atento à saúde mental dos colaboradores, realização de ações de cuidado às equipes e identificação de casos de transtorno de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, luto patológico, entre outros, que necessitam de orientação e encaminhamento para tratamento em saúde mental”, afirmou.

O auxilio psicológico para os pacientes com o novo Coronavírus em São Caetano começa na internação, tanto no Complexo Hospitalar Municipal quanto no Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin. Além de um ambulatório para atendimento de quem teve sequelas da doença e também para aqueles que perderam algum parente durante a pandemia.

“Os familiares que vivenciaram experiências traumáticas associadas à morte de pessoas próximas, são acolhidos pelo Ambulatório de Saúde Mental do município, o qual oferece suporte psicológico e psiquiátrico e está situado a Rua dos Castores, 60 – Bairro Mauá/SCS. Os acolhimentos no local ocorrem diariamente das 7h às 17h30 sem a necessidade de um encaminhamento”, explicou a Prefeitura que informou nos 11 primeiros dias de fevereiro foram realizados 3.666 atendimentos no CAPS.

Em Diadema o atendimento para avaliação é realizado nos postos de saúde e em caso de necessidade a pessoa é encaminhada para o Centro Especializado em Reabilitação. “Quando são encaminhados a pedido médico, passam por triagem com equipe multidisciplinar para estabelecer com o paciente (e com o cuidador ou familiar), qual vai ser o projeto terapêutico da família, do cuidador e do paciente”, explicou a Prefeitura.

No caso de Ribeirão Pires, o Serviço de Psicologia da cidade realiza já no início da admissão todo o acolhimento do paciente e também de seus familiares. “O serviço também realiza visitas aos leitos e desempenha diferentes métodos psicológicos de acordo com a capacidade responsiva do paciente. Entre eles, são realizadas chamadas de vídeo e chamadas de voz. Aos pacientes ou familiares que não têm acesso às tecnologias de informação podem entregar fotos, cartas, bilhetes e/ou desenhos”, explica a Secretaria de Saúde. Na Estância Turística a média destes tipos de atendimento é de 200 ao mês.

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