O presidente do PSB de Santo André, Fabrício França, confirmou que entre o final desta semana e até o início da próxima, os vereadores Carlos Ferreira e Toninho Caiçara estarão oficialmente fora da sigla. A decisão do partido vem depois de Ferreira ter sido escolhido novo líder do prefeito Paulo Serra (PSDB) na Câmara. Como a saída foi consensual, os dois parlamentares não vão perder suas cadeiras no Legislativo. França detalhou como a decisão foi tomada durante entrevista ao RDTv desta terça-feira (15/02).
A saída dos dois parlamentares, os únicos do PSB na Câmara, foi definida no congresso municipal do partido realizado na sede Legislativo no sábado (12/02). “Nesta semana ou a próxima deve-se fazer a desfiliação deles em comum acordo, a legislação permite que vereadores e legenda entrem num consenso e aí eles são liberados sem risco de perder o mandato. Os dois optaram por sair, o Carlos é mais centro-direita, gosta do governo Bolsonaro, nós não; nem um pouquinho. O Toninho Caiçara tem compromissos com candidatos a deputado federal e estadual que são de outros partidos, então a gente entendeu que eles estão num outro caminho. O PSB de Santo André é um partido hoje de centro-esquerda, caminha neste sentido e eles não estão em outro. Então a gente liberou na paz e tranquilidade e vamos construir ou outro processo para 2024”, disse Fabrício França.
O presidente da municipal minimizou a situação do partido ficar sem representantes na Câmara com a saída dos dois parlamentares da sigla. “O PSB não tem ninguém do governo, fazemos uma análise de longe, e nem acho que tem espaço para a gente lá. Quanto o Ailton Lima saiu, o projeto que estava em andamento terminou e iniciou um novo, focado em dialogar com a cidade. Vamos nos posicionar na eleição de 2022 com candidaturas e apoios para chegar em 2024 com o projeto consolidado”.
O congresso municipal é uma das etapas da organização partidária, a próxima será o congresso estadual, que o PSB marcou para 12 de março, e depois o nacional, que acontece de 28 a 30 de abril. A análise que o partido faz de Santo André é a de voltar à era Celso Daniel, prefeito andreense pelo PT assassinado em 2002. “Na nossa análise a cidade tem muito potencial a ser desenvolvido em equilíbrio de contas. A gente vem de um processo de desvalorização da cidade desde a década de 90. Teve aquele momento com o Celso Daniel em que foi feito um plano para os próximos 20 anos, mas esse plano não exatamente foi colocado em prática como deveria e a gente tem hoje a necessidade de acertar essa parte do desenvolvimento econômico. Além disso Santo André é uma cidade ainda muito desigual, infelizmente ainda tem muita área de risco na cidade, tem muita produção habitacional que precisa ser demandada e nós do PSB estamos nos preparando para 2024 com um programa de governo sólido para apresentar para a cidade, apontando problemas e onde se pode melhorar. Fizemos uma análise da gestão (Paulo Serra- PSDB) na pandemia e concluímos que é um governo que tem acertos, mas é um governo que a gente não participa, analisamos ele de fora”, disse França.
Federação
Apesar de acreditar que a federação entre PSB e PT não seja boa para ambos os partidos, Fabrício França diz que ela caminha mesmo para ocorrer. “Nosso posicionamento em relação a federação é que é instrumento novo, não testado, que é importante para a sobrevivência dos partidos menores. Para nós a federação deveria ser testada unindo partidos grandes com pequenos ou médios com pequenos. Nesse momento dois partidos grandes deveriam ser preservados. É uma questão de precaução, somos favoráveis a coligação majoritária com o PT e queremos que os partidos se entendam no Estado. É possível ter uma aliança Haddad e Márcio França, mas antes fazer uma pesquisa e analisar o desempenho dos dois. O melhor posicionado vai ser o candidato da federação ou da coligação. É um projeto vitorioso, o Lula vai ser um personagem que vai ficar para a história. Ele tem votos, mas sozinho não consegue se eleger no primeiro turno, ele precisa de votos novos, o Alckmin cumpre essa tarefa, traz votos que não são do Lula. Tende a ser um governo de coalizão. Eu acho que a federação vai acontecer pois estamos num momento de eleição presidencial e a federação é importante para a base do futuro governo Lula, mas precisa haver um acordo entre Márcio e Haddad”.
Por fim, Fabrício França falou sobre a situação do vereador Eduardo Leite, que trava uma batalha jurídica com o PT e que poderia ver na federação das duas siglas uma saída para deixar seu partido de origem. “Na minha opinião ele é o melhor vereador da cidade hoje; está no terceiro mandato e é uma liderança que qualquer partido político quer, até mesmo o PT gostaria de continuar com ele se tivesse interesse pela paz. Não vejo problema dele vir ao PSB, não há problema nenhum. Somos pessoas do diálogo e conversamos com todo mundo. Ele tem uma rusga com o PT e a federação pode minimizar isso porque vamos estar juntos”, conclui.