A Fundação Casa, em parceria com a Secretária Estadual de Saúde, investiga dois casos suspeitos de doença do pombo, ou criptococose, em jovens da unidade Vila Palmares, em Santo André. A instituição ainda aguarda o resultado dos exames e, segundo a Vigilância Epidemiológica que esteve no local, não foram localizados focos específicos de pombos.
Em março, os dois jovens foram encaminhados ao Centro Hospitalar Municipal (CHM) de Santo André com sintomas próximos ao de meningite. Infelizmente, um dos jovens, de 18 anos, veio a óbito. No atestado de óbito, a causa da morte foi constatada como meningoencefalite grave, que pode ser causada por criptococose.
O segundo jovem, de 17 anos, foi levado ao hospital no dia 25 de março e teve alta na última quinta (21/04), de acordo com a Fundação Casa e, o resultado do exame para constatar se realmente ele contraiu a criptococose ainda não foi divulgado.
Em entrevista ao RD, o infectologista e professor da disciplina de Infectologia no Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvencio José Duailibe Furtado, explica que a doença se manifesta com mais intensidade em pessoas que possuem algum tipo de depressão imunológica. “Ela pode ter sintomas de uma meningite ou até de uma infecção pulmonar. É importante ressaltar que se trata de uma doença tratável com remédios, mas dependendo das sequelas, pode ser necessário realizar cirurgia”, afirma.
Furtado reforça que a doença é causada por fungo presente nas fezes de pombos, mas não significa que ao se aproximar de uma pombo a doença será contraída. “A infecção é feita através da inalação deste fungo e não é só porque você passa do lado de um pombo que ficará doente. Se fosse assim, a praça de São Marcos em Veneza seria uma doença extremamente comum”, explica o infectologista.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que permanece em contato com a Fundação Casa para orientações quanto aos dois casos em investigação, sendo orientada a continuar mantendo a higienização do local, assim como a organização dos espaços e lavagem das mãos. “A criptococose não é uma doença de notificação compulsória e o diagnóstico laboratorial é realizado através da pesquisa direta e coloração específica do fungo no exame do liquor (LCR)”.