Em um ano, população de rua cresce 18,6% no ABC

Santo André é a cidade que concentra maior população em situação de rua (Foto: Divulgação)

O número de pessoas que vivem nas ruas das cidades do ABC aumentou 18,6% no período de um ano, conforme levantamento realizado pelo RD. Em números absolutos, em 2021 cerca de 810 pessoas viviam nas ruas, enquanto neste ano, o número saltou para 961, e o principal motivo continua sendo a crise sanitária provocada pela pandemia. Para amenizar a situação, prefeituras intensificam o trabalho de acolhimento e voluntários reforçam ações sociais para esta camada da população.

De todos os municípios, Santo André é o que concentra maior população em situação de rua, com 460 pessoas nessa condição atualmente. No ano passado, o número de pessoas nessa situação era 21,7% menor, com 360 pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em Diadema, o número de pessoas nas ruas também aumentou, passou de 156 no ano passado para 260 este ano, alta de 66,6% no total.

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São Bernardo, cidade com maior número de habitantes na região, não informou quantas pessoas estão em situação de rua atualmente, nem quantas estavam nestas condições no ano passado. No entanto, em matéria publicada pelo RD, em 2021, foi informado que ao menos 450 pessoas moravam nas ruas. Já a Prefeitura de Mauá não respondeu aos questionamentos.

O número de pessoas que vivem nas ruas de Ribeirão Pires se manteve o mesmo, se comparado 2021 com 2022. Dados informados pela administração municipal revelam que 122 pessoas estavam nesta condição no ano passado e que este número permaneceu este ano também. Em São Caetano, o número recuou, passou de 141 pessoas nesta situação no ano passado para 111 pessoas que ainda vivem nas ruas. Já em Rio Grande da Serra, dos 31 moradores assistidos, o número também foi reduzido para oito.

Ao todo, são entregues mais de 8 mil marmitas/mês (Foto: arquivo pessoal)

Ações sociais

Há oito anos, a ONG Anjos da Sopa assiste pessoas em situação de rua no ABC, com serviços de alimentação, vestuário e orientação. Ao todo, são entregues mais de 8 mil refeições/mês e, por conta da pandemia, o número de pessoas nessa situação cresceu, conforme afirma a presidente da organização, Gisele Ferreira de Souza.

De acordo com a representante, são várias as motivações que levam as pessoas para a rua, entre elas a falta de estrutura familiar e dependência química. “Além da falta de acolhimento psicossocial por parte dos governantes”, diz Gisele.

Além das refeições e do resgate social, a ONG trabalha com arrecadação de alimentos para preencher a mesa de mais de 300 famílias da região. Quem puder ajudar, pode doar alimentos não perecíveis, ingredientes para receitas, roupas masculinas, principalmente calças e agasalhos, cobertores, meias, produtos de higiene pessoal e através do PIX (11) 97215-4434.

Retirada de pertences

O Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) do ABC, atende cerca de 200 pessoas por ação, com o trabalho de cozinha solidária, aos domingos, no ABC. Em entrevista ao RD, o coordenador Thiago Quintanilha explica que o serviço iniciou com intuito de atender a população que não é “vista pela administração pública”. Segundo o voluntário, além da falta de acolhimento e assistência, um dos maiores desafios enfrentados atualmente é a retirada de pertences desta população.

“Os caminhões passam com agentes das prefeituras e eles levam tudo, o pouco de doação que cada morador consegue guardar é levado”, denuncia o voluntário ao citar que, agora, as árvores da Prefeitura de São Bernardo começaram a ser podadas para que os moradores não fiquem no local. “Estão podando o pouco de cobertura que eles têm. Já não sabemos mais o que fazer”, salienta.

(Foto: arquivo pessoal/MNPR)

Apesar das dificuldades, Quintanilha conta que seguem com a oferta de alimentação, agasalhos e até ração para aqueles que possuem pet. “Estamos com a ação ativa, apesar de qualquer coisa, porque sabemos da importância. Quando as pessoas são acolhidas nos abrigos mal conseguem levar seus pets, e quando levam, são autorizadas a passar somente um dia com seus bichinhos, por isso muitas se recusam de ir, não querem abandonar seu animal. Por isso fazemos esse trabalho completo para tentar atendê-los”, ressalta.

Quem quiser ajudar, pode fazer doação de arroz, feijão, óleo, macarrão e molho de tomate, com retirada dos produtos em domicílio. Doações podem ser feitas via PIX: (11) 98478-9375.

Acolhimento

Em nota, as prefeituras informam manter serviços de acolhimento à disposição dessa população, com oferta de espaço para dormir, se alimentar, tomar banho, entre outros cuidados – apoio social para emissão de documentos, reinserção social, etc. Em Ribeirão Pires, a Casa Acolhida atende essa população com um serviço de casa de passagem. O encaminhamento é feito pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), porém, a busca pelo serviço pode ser espontânea.

Além deste espaço, a cidade colocará em funcionamento, já nos próximos dias, o Centro Provisório de Acolhimento – CPA de Ribeirão Pires (rua João Duarte, 306, Centro), com a oferta de mais 15 vagas (10 homens e 5 milheres). Este conta com quatro baias de canil, com capacidade de abrigo para até 10 cachorros e, também, vagas cobertas para carrinhos de reciclagem.

Em Diadema, são dois albergues noturnos conveniados: Transitória Casa do Caminho (rua Vicente Adamo Zara, 230 – Centro) e Ong MAI (rua 9 de julho, 50 – Canhema). São disponibilizadas 40 e 30 vagas, respectivamente. Em Santo André, o Centro POP (Centro de Referência Especializado para População de Rua), atende integralmente a população de rua, além do Serviço Especializado de Abordagem Social, que também realiza busca ativa de pessoas nesta situação.

São Caetano conta com o AEVIDA, localizado na Alameda São Caetano, nº 2402, que têm capacidade de 30 acolhimentos provisórios e o Lar Bom Repouso, localizado na Alameda Cassaquera, nº 227, este sendo serviço complementar. Em Rio Grande da Serra, alguns seguimentos religiosos oferecem abrigo em período integral, entre eles: Assembleia de Deus Parque das Américas –  rua Judiai, 118 – Parque América e Missão Belém (Sitio Aracele) – rua Quinze de Novembro, 40 – Rio Pequeno. Durante o inverno (junho a setembro) a Prefeitura oferece abrigo noturno com capacidade para 20 pessoas.

Durante o inverno, São Bernardo conta com a operação Cobertor que Salva, a acolhida é feita 24 horas. O município conta ainda com o Centro de Acolhimento 24 horas, com capacidade para receber até 150 pessoas para pernoite. Outra opção é o Centro de Convivência e Moradia Provisória, com oferta de 30 vagas masculinas, destinadas a adultos e idosos que utilizam espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência.

Atendimento:

Os munícipes podem auxiliar as equipes da abordagem social relatando situações de pessoas em situação de rua que demandem apoio pelos telefones:

São Bernardo: 2381-3660, 93231-6182, 93231-6228 e 93231-6353. Casos de urgência, os munícipes devem acionar o Samu (192).

Ribeirão Pires: Sapis (horário comercial) 4828-1900; Casa da Acolhida (24h) 4829-3090; Defesa Civil 199 (24h) e Guarda Civil Municipal (24h) 153.

Diadema: 192 (Samu) ou 153 /  0800-7705-559 / 4043-6330 (GCM)

Santo André: Defesa Civil: 199, no WhatsApp (11) 93342-4178 ou nos telefones (11) 4432-2182 ou 4427-6207.

São Caetano: CREAS das 08h às 17h telefone 4228-8942. A partir das 17h às 08h os atendimentos serão feitos pelo 156 através de chamadas no 0800-7000156.

Rio Grande da Serra: Para acolhimento noturno, as pessoas prioritárias serão as que já tem cadastro e fazem acompanhamento no CREAS.

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