O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo e é uma doença crônica que tem tratamento, mas que depende de acompanhamento regular com especialista. O oftalmologista Fernando Eiji Naves, do Hospital Santa Casa de Mauá, participou do RDTv desta segunda-feira (13/06) e explicou como a doença afeta a visão, seus sintomas, fatores de risco e como se faz o tratamento.
Segundo o especialista primeiro é preciso identificar os fatores de risco. Pessoas com mais de 40 anos, caucasianos e descendentes de negros estão mais sujeitas à doença que é diagnosticada com exames específicos. “Os sintomas mais comuns podem ser vermelhidão, dor nos olhos, alteração no campo visual ou alteração da acuidade visual, por isso é importante completar o diagnóstico com os exames complementares. O glaucoma e uma doença do nervo ótico, uma neuropatia que afeta a visão e é a principal causa de cegueira irreversível no mundo”, explica Naves.
Exames
Retinografia ou mapeamento da retina é um dos exames usados para identificar se o paciente tem glaucoma. “Nele a gente verifica alteração do nervo ótico com alguns sinais específicos. Outro exame muito importante complementar é a medida da pressão intraocular e tem também o de alteração do campo visual. Esses exames já são usados como padrão desde que tenha sinais característicos ou histórico familiar, porque pode ter um fator hereditário envolvido”, explica o oftalmologista.
O glaucoma tem dois tipos, o de ângulo aberto, o mais comum e que não há como prevenir e o de ângulo fechado em que pode-se fazer um exame específico que identifica se o canal de drenagem é oclusivo. “A gente faz um procedimento a laser que diminui a chance de ter esse glaucoma de ângulo fechado”, diz Naves.
Tratamento
O tratamento do glaucoma é feito com colírios que têm a função de baixar a pressão intraocular. “ A gente tem quatro classes de medicações e tem que estar sempre medindo a pressão intraocular na medida em que vai introduzindo esses colírios”, diz o médico que reforça a necessidade de acompanhamento regular.
Durante a pandemia muitos tratamentos tiveram que mudar, alguns pacientes foram para o acompanhamento através de consultas virtuais. “Para os nossos serviços não teve impacto porque a gente manteve o atendimento. Principalmente aqueles que precisavam de cirurgia a gente conseguiu manter as de urgência e as eletivas foram feitas e à partir do momento em que foram liberadas de acordo com cada município. Aqueles que ficaram sem acompanhamento das doenças crônicas tiveram um impacto durante a pandemia. A consulta virtual foi a medida para atender aos pacientes que não poderiam vir em consultas”.
O acompanhamento deve ser regular. “Glaucoma é uma doença crônica a gente trata como se fosse hipertensão ou diabetes tem que tratar sempre para ter o controle. Por isso que check-up para nas consultas anuais e, para aqueles pacientes que têm glaucoma, o seguimento padrão é de três a seis meses, avaliando pressão intraocular, campo visual e se o nervo tem dano ou não através de exames específicos”, detalha o especialista.
Glaucoma x Catarata
“Geralmente os pacientes que têm um glaucoma mais avançado em que os colírios não estão dando resultado a gente indica a cirurgia para o glaucoma e, se o paciente tem catarata, fazemos o procedimento combinado. Aqueles que têm glaucoma têm um risco maior quando vai fazer a cirurgia de catarata”, explicou o médico em relação às duas doenças do olho.
De acordo com Fernando Eiji Naves artigos recentes relacionados a efeitos deixados pela covid pedem atenção maior dos especialistas. “Os artigos dos últimos dois anos e avaliam a retina e a conjuntiva que são duas doenças do olho revelam complicações tardias de quem teve covid. Na pandemia, os pacientes que ficaram este período sem acompanhar devem estar sempre estar atentos às doenças mais comuns da oftalmologia; os erros refracionais, para quem está acima de 50 ou 55 anos, a catarata, e a degeneração da macula que são doenças importantes que precisam ser acompanhadas a cada seis meses ou um ano. Não se pode esquecer também das retinopatias diabéticas e hipertensivas, que são também doenças crônicas que vão precisar de acompanhamento sempre”, completa o oftalmologista.