Pelo menos 50 candidatos que fariam no domingo (03/07) o chamado exame de ordem, para obterem a carteira de advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Bernardo, ficaram de fora do prédio da Universidade Metodista, Campus Planalto, onde a avaliação aconteceu. Uma funcionária deu ordem para o fechamento do portão às 12h28, dois minutos antes do prazo anunciado em edital, e os candidatos não conseguiram entrar a tempo. Uma parte dos candidatos disse que vai processar a organização do exame.
Os candidatos, indignados, chamaram até a Polícia Militar, que registrou a situação em um boletim de ocorrência. O grupo ainda junta outras provas para mostrar que estavam diante do endereço no horário marcado e os portões já estavam fechados, é o caso de Ailton Moacir da Silva, de 63 anos, que é deficiente e chegou a ser carregado para subir as escadas que dão acesso ao prédio, mas mesmo assim não conseguiu entrar. “Eram 12h28 quando eu comecei a andar em direção ao portão, mas eu tenho uma fraqueza muscular e uso bengala; eu não consigo andar rápido, me ajudaram, mas eu cheguei no portão as 12h29 e já estava fechado. Ainda falei para a mulher que deu a ordem (para fechar os portões) e ela gritou comigo, disse que era horário de Brasília. Além de descumprir o edital ela ainda gritou comigo. Aí eu olhei para trás e tinha mais de 20 pessoas querendo entrar também”, relatou o candidato.
Silva disse que vai processar a funcionária e vai tentar recorrer à Seccional Paulista da OAB para tentar realizar a prova. “O pior é que meus colegas que fizeram o cursinho comigo, me ligaram dizendo que conseguiram a pontuação mínima para a carteira de ordem e eu, que tinha notas melhores que eles, nem consegui fazer a prova porque não me deixaram entrar. Eu saí de casa 9h30 para não me atrasar”, lamenta o candidato que é servidor aposentado da Polícia Civil.
Ricardo Clóvis Ravagnani, de 49, disse a mesma coisa; que chegou às 12h28 em frente ao portão e já o encontrou fechado. “Tinha umas 50 pessoas do lado de fora, algumas foram embora revoltadas, outras ficaram lá em protesto, mas ninguém saiu para nos atender. Nós fomos prejudicados e estamos nos organizando para ver como vamos reaver o valor da inscrição de R$ 295 ou o direito de fazer a prova”, disse indignado.
Everton Rodrigues dos Santos, de 46 anos, disse que também que o portão fechou-se quando ele se aproximava da entrada, às 12h28. Ele disse que seu prejuízo foi grande. “Eu estudei, paguei cursinho e a inscrição e no fim perdemos a prova, toda essa preparação e, além disso perdemos o nosso domingo todo”, lamentou.
A Seccional de São Paulo da OAB, informou que a organização da prova é responsabilidade da OAB Nacional. Em nota, a Ordem informou que ainda não foi informada do ocorrido. “A Coordenação Nacional do Exame de Ordem Unificado informa que não teve conhecimento formal dos fatos apontados. Conforme descrito no edital de abertura do exame, caso o examinando deseje efetuar qualquer reclamação acerca da aplicação das provas, deverá solicitar ao fiscal o relato da situação na ata da sala em que está realizando o Exame, considerando que este se configura no documento competente para o registro dos fatos relevantes verificados durante a aplicação das provas. Posteriormente à aplicação do exame, as reclamações devem ser encaminhadas à Coordenação Nacional do Exame de Ordem Unificado, instância competente para apuração de eventuais problemas ou irregularidades”. A FGV (Fundação Getúlio Vargas), organizadora da prova, não se manifestou até o fechamento desta reportagem.