O oitavo mês do ano é dedicado à conscientização e prevenção do câncer de pulmão, causado principalmente pelo tabagismo. Além de alertar a população sobre os riscos da doença, a campanha Agosto Branco aborda quais são os malefícios do consumo do tabaco.
De acordo com o pneumologista do Hospital Santa Casa de Mauá, Valter Eduardo Kusnir, neste ano estão previstos mais de 30 mil novos diagnósticos de câncer de pulmão no Brasil. A doença é o segundo tipo de câncer com maior incidência no país, atrás apenas do câncer de pele. “No mundo, este câncer é o de maior incidência em homens e o terceiro entre mulheres. Para se ter ideia, são cerca de 1,9 milhão de óbitos ao ano”, diz.
Entre os principais sintomas para o câncer de pulmão estão: tosse crônica e persistente, às vezes com a presença de sangue; dor no peito e/ou nas costas, perda de peso, cansaço e falta de ar. “Normalmente os sintomas aparecem com a evolução do tumor, o que, muitas vezes, faz com que a doença seja diagnosticada em estágios mais avançados “, explica o especialista.
O diagnóstico é feito através de exames de imagem, como raio-x, tomografia de tórax, pet-Scan e a confirmação por biópsia. Após confirmação diagnóstica, realiza-se mapeamento do corpo para avaliar se houve ou não metástase para outros locais do corpo. Se não, o tratamento indicado é a cirurgia. “Em casos mais avançados, mas que ainda estejam localizados no pulmão, pode-se tratar com quimioterapia e radioterapia”, pontua.
A imunoterapia tem sido de grande ajuda para a melhoria dos resultados. Basicamente ela tira a camuflagem que as células malignas usam e aumentam a eficácia do tratamento. “Quando há metástase, o tratamento depende muito do tipo de tumor e local da metástase, mas geralmente opta-se pela quimio e imunoterapia”, ressalta.
Kusnir informa que, 85% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao consumo de tabaco ou à exposição passiva. Portanto há risco também para as pessoas que convivem com fumantes. “Outros fatores de risco são a poluição e contato com toxinas ambientais, tais como exposição prévia à radiação, contato prévio com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, níquel, cromo, radônio e arsênio”, explica o pneumologista.
Dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), mostram que a doença foi responsável por 28.620 mortes em 2020, no Brasil. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do tabagismo. A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%.
Números no ABC
São Bernardo oferta de forma permanente o Programa Municipal de Combate ao Tabagismo, nas 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS). A ação visa livrar os acompanhados do vício do tabagismo e prevenir o câncer de pulmão e outras doenças, como infarto e AVC. O tratamento é gratuito, com abordagem em grupo e individual.
Dados da Prefeitura mostram que: de janeiro a julho de 2021, foram diagnosticados 19 novos casos de câncer de pulmão. No mesmo período deste ano, foram 24 novos casos.
Já em São Caetano, foram registrados 27 casos nos sete primeiros meses de 2021, enquanto no mesmo período deste ano, apenas 13 casos foram constatados. A cidade não possui nenhuma ação programada para o Agosto Branco.
Diadema e Ribeirão Pires não divulgaram casos da doença nos últimos anos e também não planejam ações em prol do mês.
Rio Grande da Serra, Mauá e Santo André não se manifestaram até o fechamento da reportagem.