“É representativo falar deste livro no dia em que as pessoas estão nas ruas defendendo a democracia”. Foi assim que a arquiteta Clara Ant iniciou a entrevista ao RDtv, nesta quinta-feira (11/8), para falar do seu livro Quatro décadas com Lula: O poder de andar junto (Autêntica Editora). A ex-assessora do ex-presidente falou sobre sua trajetória pessoal, com uma família vítima do holocausto causado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, e a militância ao lado do então líder do Sindicato dos Metalúrgicos de Diadema e São Bernardo (atual Sindicato dos Metalúrgicos do ABC).
O contexto da parceria com Lula iniciou na década de 1970, com o crescimento do movimento sindical que promoveu greves que desafiaram o regime ditatorial da época. “Eu sou arquiteta de profissão. Fui e sou filiada ao Sindicato dos Arquitetos. Me formei em 1975 e em 1977 eu comecei a trabalhar em Campinas, na Faculdade de Arquitetura, onde comecei a dar aulas. Nessa condição de arquiteta e professora eu participava do movimento sindical, e o movimento sindical dos anos 1970 é um movimento chave para entender como é que foi essa transição para a democracia do país, depois que teve o golpe militar de 1964 e que foi até 1985. Mas nos anos 1970 foi quando o movimento sindical foi protagonista, foi um dos mais fortes nesse período, é que quando eu conheço o Lula”, explicou.
Clara acabou assistindo de perto a formação do Partido dos Trabalhadores, as primeiras tentativas eleitorais de Lula para governador, em 1982, deputado constituinte e presidente (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006). Braço direito do então presidente, a arquiteta foi a responsável por lembra de todas as promessas feitas pelo governo e o que deveria ser cobrado por Lula em relação aos seus ministros.
Conselheira do Instituto Lula, Clara Ant também relata no livro as acusações contra o ex-presidente que resultaram na sua prisão em 2018, e a busca pelas provas de sua inocência em relação a todas as ações realizadas pela Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal.
Todo o processo de vigília em Curitiba (PR), local em que Lula estava preso, fecha o livro, que segundo a autora, também busca apresentar o atual candidato a presidente para uma geração que não o viu como chefe do Executivo entre 2003 e 2010.