A rotina de moradores da rua Amâncio de Carvalho, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo, mudou com a falta de água nas residências. O abastecimento, que está comprometido há mais de um mês, fez com que os moradores tivessem que economizar água e passar a tomar banhos de caneca.
Em entrevista ao RD, o morador João Heleno diz não possuir caixa d’água em sua casa e, a partir das 19h, fica sem abastecimento até o outro dia, por volta das 11h, quando a água da rua volta a abastecer sua residência. “Todos os dias falta água. Tem dia que a água acaba mais cedo e precisamos nos programar para que todos consigam tomar banho. Tem dia que chego da rua e o que resta é tomar banho de balde, não queria passar esse sufoco”, diz.
Em sua casa, além dele, há outras quatro pessoas que dependem do fornecimento do recurso, sendo duas crianças, uma de 7 anos e outra de 14. “É difícil as crianças viverem assim. Até os finais de semana temos que tomar banho de balde ou de caneca”, acrescenta.
Em um grupo de WhatsApp do bairro, outros moradores que residem na mesma rua reclamam da falta de água nas residências. Graziella Fim, moradora da Vila Campestre, compartilha o sufoco de viver a mesma situação. “Moro no Centro de São Bernardo e passamos pela mesma coisa. Não é sempre que a água falta, mas quando falta, passamos o dia sem”, diz. Já quando o abastecimento de água é retomado, é sempre com baixa pressão e, segundo a moradora, o valor da conta não diminui. “A situação está bem difícil”, relata.
Questionada, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informa que vistoriou o local e explicou para os moradores que a situação é decorrente da gestão de demanda noturna, que é realizada na Região Metropolitana de São Paulo, de forma rotineira, desde a década de 1990. Ainda assim, se houver intermitência fora dos horários da GDN, a Sabesp fará o acompanhamento.
A prática da gestão de demanda noturna é recomendada internacionalmente: quando há menos consumo, reduz-se a pressão nas redes a fim de evitar perdas por vazamentos e rompimentos; quando o uso é retomado, a pressão é reajustada. É algo semelhante ao que ocorre à noite, por exemplo, com o transporte público: com menos demanda, reduz-se a circulação de ônibus e trens. Imóveis com caixa-d’água com reservação para ao menos 24 horas, como determina o decreto estadual 12.342/78, não sentem os efeitos de manutenções ou da gestão da pressão. Torneiras e outros equipamentos hidráulicos devem estar conectados às caixas-d’água.