Pacientes relatam falta de ortopedista em Diadema e S.André, prefeituras negam

Prefeitura diz que Hospital Municipal de Diadema é referência para casos de ortopedia e paciente disse que apenas um médico atendia no local e ainda relatou situação precária do equipamento de saúde. (Foto: Pedro Diogo)

Espera de dois meses para um retorno ao médico para mostrar o exame de ressonância magnética, esse e o drama de Denise Rocha Luiz, de 63 anos, que fraturou o joelho no início do ano e ainda não tem um tratamento definido para o seu problema pois não consegue agenda com o ortopedista do Centro Médico de Especialidades de Santo André. Na mesma situação de indignação está Gisele Marques, moradora de Diadema, que ficou quase quatro horas com a mãe na emergência do hospital público para ser atendida. A paciente tem 77 anos e fraturou o ombro. Os casos sugerem a pouca oferta de médicos ortopedistas nas unidades médicas, mas as prefeituras negam a falta de profissionais.

Na quinta-feira (09/09) a dona Maria da Conceição, mãe de Gisele Marques, caiu em casa, em Diadema. Com muitas dores ela foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada para o Hospital Público de Diadema. Segundo Gisele, durante o primeiro atendimento pelos socorristas, corria tudo bem, até a entrada no hospital. “O local estava cheio de sujeira no corredor, tudo caindo aos pedaços, colocaram a minha mãe em uma cadeira de rodas que não tinha encosto, eu tive que apoiá-la com a minha perna. As rodinhas da frente também estavam quebradas”, descreve.

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O médico atendeu logo a paciente, o retorno com o exame é que foi o problema. “Chegou outro paciente com fratura exposta e o médico foi para o centro cirúrgico, só que não tinha mais ninguém que pudesse atender minha mãe. Falei com vários funcionários e todos disseram que só tinha um médico e que não poderiam transferir minha mãe para outro lugar. O jeito foi esperar. Entramos no hospital às 8h40 e saímos de lá meia-noite e quinze. Quando o médico, enfim voltou, diagnosticou a fratura, colocou uma tala e receitou medicação, tudo isso poderia ser resolvido em minutos”, reclamou.

A prefeitura de Diadema informou que o serviço é terceirizado e que não há registro de falta de médicos. “A paciente M. C. deu entrada no Hospital Municipal de Diadema (HMD), na quinta-feira (08/09), às 20h36, trazida pelo SAMU. A paciente foi imediatamente atendida na sala de emergência e avaliada pela ortopedia. Foi feito raio X e medicação intravenosa instalada às 20h55. É importante ressaltar que não houve apontamento de falta de profissionais no dia referido. A escala de ortopedia, no Hospital Municipal de Diadema (HMD), é composta por dois médicos ortopedistas nas 24 horas de plantão, para atender emergências. O ambulatório de retorno é realizado por outros dois médicos. Não há apontamento de falta de profissionais no dia citado. Todos os atendimentos passam por classificação de risco, sendo os casos mais graves atendidos de forma prioritária e os casos menos graves com um tempo de espera maior”, informou em nota enviada ao RD.

No caso da moradora de Santo André, Denise Rocha Luiz, a espera é de meses. Ela fraturou o joelho em uma queda, desde então sofre dores intensas e, por vezes, o joelho trava. “Levei seis meses para conseguir uma consulta, depois mais dois meses para fazer a ressonância, agora que estou com o exame nunca tem agenda com o médico. Pedi para passar com outro profissional, mas disseram que só pode ser com o mesmo que me atendeu. Simplesmente não consigo retornar com o médico e meu joelho dói muito. E toda vez que vou lá no Centro de Especialidades tenho que subir dois lances de escada, porque o elevador está sempre quebrado”, lamenta.

A prefeitura de Santo André nega a falta de ortopedistas. “A Secretaria de Saúde de Santo André esclarece que a informação (falta de profissionais) não procede. O município possui 12 médicos ortopedistas atuando no Centro Médico de Especialidades, localizado na travessa Apeninos, e quatro atuando no Centro Médico de Especialidades, da rua Joaquim Távora. Além disso, o Centro Hospitalar Municipal também possui profissionais que atuam na assistência de urgência e emergência”, informou a prefeitura, em nota.

Outras prefeituras também negaram que faltem ortopedistas para atendimento. Ribeirão Pires informa que tem dois profissionais que atendem no Centro de Especialidades Médicas. Da mesma forma São Caetano sustenta que não faltam especialistas e que há 41 ortopedistas na sua rede de atendimento.

A Prefeitura de São Bernardo diz que conta com 95 ortopedistas, e que essa quantidade supre a demanda. A cidade, no entanto, admite que a especialidade é de difícil contratação e que, por isso, firmou “contrato de prestação de serviços de consultas médicas, devido à dificuldade de contratação de profissionais desta especialidade, sobretudo quando especialista em alguma articulação, como joelho e quadril”, apontou a prefeitura, em nota.

Os municípios de Mauá e Rio Grande da Serra não informaram sobre a quantidade de ortopedistas que dispõem e se têm dificuldades de contratar esses especialistas.

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