A tecnologia na área da saúde é realidade faz tempo. Permite o acesso digital a registros médicos, prontuários, receitas e outras funções em minutos, o que otimiza o atendimento do médico e a vida dos pacientes. São indiscutíveis as vantagens para a administração hospitalar, equipe médica e quem usa o sistema público ou particular. Mas no público, são poucas as cidades do ABC que recebem investimento no setor, ainda assim o serviço é limitado.
Somente alguns municípios contam com o sistema informatizado e, destes, sequer englobam todos os setores com a tecnologia. Exemplo é Diadema, que diz investir na tecnologia, principalmente com a prática de teleatendimento e teleconsulta, mas os munícipes que precisam utilizar as unidades básicas de saúde (UBSs) ainda apontam graves falhas, com sistemas de atendimento “antigos e inadequados” para quem acessa a rede.
Cosmo Maciel, morador da cidade, conta que protocolos e guias ainda são repassados aos pacientes da UBS Paineiras em papel. “Ao invés de avisarem sobre as consultas e exames via WhatsApp ou algum sistema mais novo, não, ainda estão à moda antiga, no papel. E se o paciente perder, já era, precisa voltar na UBS, passar por consulta de novo e pegar um novo papel”, relata.
No caso de exames médicos na UBS Paineiras, Maciel diz que a situação é ainda pior, uma vez que não há prontuário eletrônico na unidade. “Toda vez que vamos passar por consulta temos de falar o que temos, os exames que fizemos e isso faz o tempo de consulta dobrar. Tudo porque eles não guardam as informações dos pacientes”, diz ao citar, ainda, que o cartão de agendamento de exames, repassado pela unidade, segue em papel, sem qualquer sistema de informatização.
Em nota, a administração municipal informa que já implantou mais dois novos sistemas na cidade que envolvem marcação de consultas básicas e especializadas, dispensação de medicamentos, notificação de agravos, atendimentos ambulatoriais, atendimentos pré-hospitalar, atendimento hospitalar etc. Em relação ao prontuário eletrônico, a Prefeitura diz que o município já conta com o recurso desde 2016 (E-SUS APS) e, com a implantação do Programa UBS Nota 10, a cidade tem trabalhado em 10 pontos principais de melhorias para reestruturar a Atenção Básica, como investir na informatização e implantar dispositivos.
Ainda de acordo com a Prefeitura, algumas UBSs já utilizam o WhatsApp, principalmente para convocar faltosos e colocar o esquema vacinal em dia. Já no grupo de Telegram, o munícipe recebe informações sobre vacinação, campanhas de saúde e outras ações. “O município também começou a fazer a entrega de tablets para cada um dos Agentes Comunitários de Saúde. A UBS Piraporinha foi a primeira contemplada e a cidade faz programação para entrega dos aparelhos nas outras 19 UBS. Os equipamentos serão utilizados durante as visitas domiciliares e nas atualizações dos dados cadastrais dos usuários”, diz a nota.
Talita Cristina Nicoletti Cricca, que utiliza a UBS Batistini, em São Bernardo, diz que falta um sistema unificado na unidade de saúde que reúna as informações dos pacientes que passam pelo equipamento. “Por lá consta que você passou por consulta, mas não consta resultado de exames nem nada do tipo. Coisas que no sistema particular você encontra com facilidade”, diz. Na contrapartida, a Prefeitura diz possuir sistema informatizado na rede de saúde ambulatorial desde 2002. “Na prática, o sistema interliga o cadastro de todos os pacientes para que os profissionais tenham acesso às informações de qualquer unidade de saúde, o que garante a equidade no tratamento do paciente”. Atualmente, são 1.570.627 cadastros ativos.
Em São Caetano, a informatização começou em 2018, com prontuário eletrônico integrado que garante que atendimentos – de diversas especialidades – fiquem registrados. Cerca de 220 mil pacientes estão cadastrados no sistema. Segundo a Prefeitura, a medida, que envolve teleorientação, telemedicina e agendamento de vacinas, fez com que o atendimento ficasse 70% mais rápido pelo fato de não precisar aguardar os pedidos de consultas e exames serem transportados por malote das unidades para a central de atendimento. O investimento é de R$ 2,8 milhões ao ano.
Santo André implantou o prontuário eletrônico em que todos os usuários da rede municipal de saúde são cadastrados. Com esse modelo há mais agilidade nas informações, pois há inserção imediata do atendimento de todos os procedimentos e exames realizados. Em razão da informatização, houve otimização integral das consultas uma vez que o acesso a informação do prontuário e de toda a rotina do usuário no município.
Tomada de decisões
Depois de muito esperar, munícipes de Ribeirão Pires e de Mauá passaram a contar com sistema informatizado a partir deste ano. Ribeirão Pires informatizou, em maio, o Centro de Especialidade Médica/CAIS, e Hospital e Maternidade São Lucas. No Centro de Especialidades Médicas/CAISM 8.961 pacientes estão cadastrados e no São Lucas são 500.
Já Mauá iniciou a informatização dos equipamentos da rede pública de saúde em setembro deste ano, na expectativa de oferecer agilidade, qualidade e eficiência. Unidade piloto do processo, a UBS Zaíra 1 começou a atender a população no novo modelo.
O usuário vai perceber a mudança assim que chegar ao local. Em um totem, basta retirar a senha para agendar consulta e a retirada de guia, entre outros atendimentos. Depois, aguardará a chamada por meio de monitor de vídeo.
Rio Grande da Serra ainda não possui informatização no sistema de saúde.