O mercado de vendas de automóveis usados está em queda desde o final do ano passado, chegando a uma estabilização, depois do período em que esteve bastante aquecido entre o início do ano passado até o mês de setembro, quando houve o pico de vendas. No ABC os usados que mais vendem são aqueles na faixa de preços entre R$ 15 mil e R$ 50 mil. Levantamento da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores) mostra que a venda de automóveis de janeiro a agosto deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado, teve uma queda de 18,4%. Os carros com mais de 13 anos de uso, foram os que tiveram uma menor queda nas vendas.
Para o comerciante Roberto Carlos Destro, que se dedica automóveis há 37 anos, as vendas também pararam um pouco por conta do financiamento e por conta da expectativa em torno das eleições. “As pessoas ficam com receio de investir ou fazer uma dívida”, comenta. Segundo Destro, a sua loja, a Rovecar, que funciona dentro do Auto Shopping Global (avenida dos Estados, 8000 – telefone 4479-4405) tem vendido mais os carros na faixa dos R$ 15 mil a R$ 30 mil. “O cliente não quer fazer dívida longa, e se financiar é pouca coisa. Com esse valor dá para comprar um Renault Sandero, um Volkswagen Voyage ou um Fiat Pálio; são carros mais básicos. Se o cliente quiser pode pegar um carro de mais luxo, porém mais usado”.
Os preços também regularam o mercado. No ano passado as vendas de usados explodiram porque as concessionárias de veículos novos não tinham produto, com isso os preços dos seminovos também subiram. “Antes eu comprava uma Ford Ranger 2015 por R$ 70 mil, hoje está em R$ 85 mil”, diz Destro.
Segundo Geraldo Diego Bezerra, da Sou Mais Carro (avenida São Paulo, 261 – Parque Marajoara – Santo André – telefone: 9.6356-9209) sua loja vende mais os carros entre R$ 30 e R$ 50 mil. “A dificuldade maior é o financiamento, mas tudo depende da equipe de vendas. Esse ano tem melhorado”. O comerciante disse que a venda de carros na faixa dos R$ 30 mil atende a quem precisa do carro popular, já os que chegam a R$ 50 mil são carros com melhor acabamento que podem ser usados por motoristas de aplicativo.
O presidente da Fenauto, Enilson Espíndola Sales de Souza, disse que setembro de 2021 teve o pico de vendas e em outubro elas começaram a cair. “Os preços dos seminovos subiram pela falta do veículo novo, agora vivemos um momento de menos euforia. No ano passado, mesmo com a retração de outubro, novembro e dezembro, fechamos o ano com 15,1 milhões de unidades vendidas. Neste ano eu acredito que vamos fechar em 14,5 milhões, um pouco abaixo do ano passado, mas ainda uma performance boa”, analisa. Otimista, Souza prevê que, se não ocorrerem grandes solavancos no mercado, a previsão é que 2023 feche com 15 milhões de carros usados vendidos.
Enquanto o mercado nacional registrou de janeiro a agosto deste ano uma queda de 18,4%, nos seminovos, carros de até três anos de idade, os veículos considerados mais ‘velhinhos’, com mais de 13 anos de idade, ainda vendem muito bem, tanto que no comparativo dos oito meses de 2021 com o mesmo período deste ano, a queda de vendas foi menor, de 6,6%. Para o presidente da Fenauto, há três explicações; porque o cliente tem menos dinheiro para investir, porque o financiamento está mais difícil e pelo preço. “O veículo seminovo foi a opção de quem não tinha o novo para comprar e subiu de preço, o carro mais usado não sofreu tanta alteração de preços assim, por isso está vendendo mais”, analisa.
Motos
Ainda de acordo com o levantamento da Fenauto, o mercado de motos cresceu 1,45 pontos percentuais em 2022. Em 2021 a venda dos veículos de duas rodas usados representava 21,58% do mercado, neste ano o percentual subiu para 23,03%. Para a federação, o número não representa pessoas trocando o carro pela moto, mas sim a compra por pessoas que antes usavam o transporte coletivo. “Não vejo a troca do carro pela moto, mas sim que esse crescimento vem da população não motorizada. Na pandemia as pessoas tiveram maior preocupação em se locomover em transporte público, do contato com outras pessoas e buscaram o transporte particular”, conclui Enilson Espíndola Sales de Souza.
Dicas
Comprar um veículo usado não é algo fácil. Além das inúmeras opções de modelos, versões de acabamento, cores e anos de fabricação, o consumidor deve ficar atento à documentação e às condições do carro que podem estar escondidas sob uma pintura brilhante. De acordo com Roberto Carlos Destro, da Rovecar, hoje os veículos precisam de um laudo técnico. “Eu quando compro olho mais o laudo do que a aparência do carro. Claro que se tem um risco ou um amassadinho aqui e ali a gente conserta, mas o laudo atesta se o carro já teve sinistro se a estrutura dele está boa”, aponta.
Mas o comerciante alerta para vendas particulares, pela internet e golpes de sequestro. “Não adianta ir ver um carro anunciado R$ 10 mil abaixo da tabela, ou o carro é ruim ou vão te sequestrar para levar dinheiro do PIX”. O comprador também deve estar atento a sinais que mostram que o veículo está muito mais rodado do que mostram os números do odômetro. “Um carro 2015 por exemplo deve ter mais de 100 mil quilômetros. Não adianta te mostrarem um carro de 50 mil quilômetros com o volante e a pedaleira todos desgastados”, orienta Destro. “A loja é o local mais seguro para se comprar, você sabe que ela vai estar lá para te atender em caso de algum problema”, finaliza.