ABC - terça-feira , 14 de maio de 2024

Outubro Rosa: Estado é o terceiro do país em incidência do câncer de mama

Exame de mamografia realizado pela prefeitura de Ribeirão Pires. (Foto: Divulgação/PMRP)

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil. A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada por idade, tem as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos para cada grupo de 100 mil mulheres, respectivamente. Segundo estimativa do Inca para 2022, o Estado de São Paulo é o terceiro na taxa bruta de incidência da doença, com índice de 78,9/100 mil, perdendo apenas para Santa Catarina (93,05) e Rio de Janeiro (104,69). Em São Bernardo, por exemplo, surgem 20 novos por mês. No Outubro Rosa, quando as campanhas de prevenção são enfatizadas, o ABC se prepara para mutirões de mamografias, exame utilizado para o diagnóstico precoce da doença.

Enquanto os números da doença chamam a atenção o diagnóstico caiu durante a pandemia. A FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem) aponta que, entre os primeiros semestres de 2021 e de 2022, o número de mamografias realizadas na rede pública onde FIDI atua cresceu 26% (foram 66 mil exames em 2021 e 81 mil em 2022). Porém em 2020, em razão dos períodos críticos da pandemia e do isolamento social, o número de exames realizados de mamografia caiu 35% em relação a 2019.

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Para a médica ginecologista, obstetra e docente do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) Karine Rhein Gavioli, essa diminuição de exames realizados durante a pandemia preocupa. “A mamografia é o exame de rastreio para câncer de mama e essa redução preocupa sim, visto que muitas lesões poderiam já estar sendo tratadas e não estão nem diagnosticadas”, aponta.

Diversos fatores podem influenciar os rumos do tratamento, o principal deles e o que traz maior chance de sucesso é o diagnóstico precoce, daí a importância da mamografia. Outros fatores são as características das lesões. “O sucesso do tratamento de câncer de mama depende de vários fatores, tamanho é um deles, mas o tipo histológico, grau da lesão, condições clínicas da paciente, são alguns nos fatores de interferem no prognóstico”, diz a especialista.

Os tratamentos também variam de acordo com a situação de cada paciente. “Existem vários tratamentos. O tamanho, o tipo de lesão, as condições da paciente entre outros, são fatores que interferem na escolha. Eles podem ser cirúrgicos e dentro das cirurgias podem estar uma quadrantectomia, por exemplo, que é a retirada de uma parte da mama, ou até uma mastectomia (retirada da mama toda), radioterapia e quimioterapia também podem ser usadas, associadas ou não a cirurgia. Cada caso é um caso”, explica Karine.

Além do tratamento do câncer em si, a mulher precisa de total apoio e a saúde deve ofertar ajuda psicológica também. “Não é fácil receber o diagnóstico de um câncer de mama, então um apoio psicológico é uma ótima opção para lidar com toda a situação”, recomenda.

Estado

Apesar da necessidade de ampliar a oferta do exame preventivo o governo do Estado não assinala com a possibilidade de reforçar o atendimento especializado na região durante o Outubro Rosa. A saúde estadual dispõe carretas que contam com estrutura para fazer o exame e que percorrem todo o território paulista, mas não há previsão para que ao menos uma estacione no ABC.

Apesar disso o governo diz que nos primeiros sete meses de 2022 houve um aumento na realização de exames de mamografia. Apenas na região da Grande São Paulo, neste ano, 331,9 mil mamografias foram realizadas. O número é 33% maior que 2021, onde foram realizados 250,1 mil exames na região. “Todos os serviços da Grande São Paulo habilitados em oncologia podem ser referência para os munícipes do ABC. Atualmente, 18 unidades estão aptas para atendimento. O agendamento pode ser feito por telefone de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, pela central telefônica disponível no 0800-779-0000.

 

Prefeituras da região garantem o exame de mamografia na rede própria

Santo André

Santo André realiza, em média 1,5 mil mamografias por mês e vai aumentar o número de exames durante os meses de outubro e novembro. “Considerando o Outubro Rosa, fará uma oferta complementar de 4 mil mamografias no Hospital da Mulher nos meses de outubro e novembro, considerando que a rede assistencial promove a busca ativa de pacientes para realização do exame e diagnóstico. Haverá atendimento das pacientes que estão aguardando em fila de espera e também uma cota diária para demanda espontânea”, informou a prefeitura. A administração, no entanto, não informou quantas pacientes estão na fila do exame.

Além da força tarefa para mais exames e a busca ativa o CHM (Centro Hospitalar Municipal) terá orientações sobre autoexame e oferta de mamografias para funcionárias numa integração com o Hospital da Mulher, além de palestra sobre saúde da mulher em 19 de outubro, Dia Internacional de Combate ao Câncer de Mama. Na rede de atenção básica haverá aumento de oferta de papanicolau, mamografia e orientações sobre diagnóstico precoce e tratamento o câncer de mama, segundo informe da prefeitura.

São Bernardo

A Prefeitura de São Bernardo informa que, na necessidade de tratamento para o câncer de mama, as mulheres são encaminhadas ao Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) e ao Hospital Anchieta para consultas, diagnóstico, tratamento e acompanhamento da doença. Os exames são ofertados nas Policlínicas Imagem e Alvarenga e na Unidade Móvel de Mamografia municipal.

“De janeiro a agosto de 2021, foram realizados 18.183 exames de mamografia pelo município. No mesmo período deste ano, o total foi de 18.214 (o mês de setembro ainda está sendo fechado). Para ultrassonografia das mamas, foram realizados 6.162 exames de janeiro a agosto do ano passado e 10.214, no mesmo período deste ano. Pacientes com diagnóstico de câncer de mama são tratadas no Hospital Anchieta, com uma média de 20 novos casos todos os meses”, enumera a prefeitura. “Durante todo o mês de outubro, as 33 UBSs realizam campanha de conscientização sobre o câncer de mama e colo de útero, com oferta de exames de prevenção, de acordo com a programação de cada unidade. No sábado (22), haverá dia D com todas as UBSs abertas, das 8h às 17h, para reforçar o atendimento das mulheres, com coleta de exame de Papanicolau e atualização da carteira de vacinação”, diz nota da administração.

Na Unidade Móvel de Mamografia são atendidas pacientes entre 50 e 69 anos. “A demanda é espontânea e sem necessidade do pedido médico, para as demais faixas etárias, o exame é agendado pelas UBSs, as pacientes precisam apresentar o pedido médico. No sábado (22), dia D, atenderá demanda espontânea para todas as faixas etárias, na Praça da Igreja Matriz, com os mesmos critérios de rastreamento clínico, das 8h às 17h, com último bloco de atendimento às 16h”, diz o informe.

São Caetano

Em São Caetano os exames de mamografia são realizado no Centro de Diagnósticos do Complexo Hospitalar de Clínicas, onde há um aparelho que conta com oferta de 880 vagas ao mês. Na cidade a fila de atendimento conta com 375 pacientes aguardando agendamento, mas a espera não é longa; em torno de 40 dias, segundo a prefeitura. Segundo a prefeitura os casos com alta suspeita são priorizados.

A cidade ocnta com uma carreta que realiza outros exames como papanicolau (livre demanda) e ultrassonografia de mamas (com agendamento prévio). A carreta ficará entre os dias 5 a 8 de outubro na Praça Cardeal Arco Verde;  de 10 a 15 de outubro na Praça das Figueiras; de 17 a 22 de outubro na avenida Kennedy, 2.400 – em frente ao Cise; de 24 a 29 de outubro na avenida Goiás, 1.111 – em frente ao Teatro Santos Dumont. Os atendimentos acontecem de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h e aos sábados das 8h às 13h.

Diadema

Em Diadema o serviço de mamografia de rotina fica no Quarteirão da Saúde, no Centro, que atende em média 50 pessoas por dia. O exame é realizado mediante encaminhamento da UBS (Unidade Básica de Saúde). Segundo a prefeitura, ao longo de todo o mês de outubro, o município ofertará atividades de conscientização sobre o câncer de mama e em ações ligadas ao autocuidado nas unidades de saúde da cidade, dentro da campanha “Se toca, mulher – Eu me cuido e você?”. A prefeitura foi indagada, mas não informou o tamanho da fila para a realização do exame.

Mauá

Em Mauá os exames acontecem no Hospital Dr Radamés Nardini e em clínica na região Central do município, que fazem cerca de 1,3 mil mamografias por mês. Casos que não são atendidos na cidade são encaminhadas a serviços de referência estaduais em outras cidades. Em nota, a prefeitura de Mauá garante que não há fila de espera para mamografias. “Não há fila de espera para a mamografia em Mauá. No fim de 2021, cerca de 5 mil mulheres aguardavam pelo exame em Mauá. A primeira medida da atual gestão para reduzir a fila e atender às novas solicitações foi a compra, no final de 2021, de 5 mil mamografias, que passaram a ser realizadas, pela primeira vez na história de Mauá, no Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini. Até julho deste ano foram realizados 5.258 exames em mulheres mauaenses, zerando a fila para a mamografia. Agora, após as pacientes passarem por atendimento na UBS (Unidade Básica de Saúde), elas deixam o local com a guia com dia e horário da mamografia marcados”, diz a prefeitura.

Ribeirão Pires

Ribeirão Pires também conta com estrutura própria para o exame de mamografia. A cidade conta com um aparelho e realiza em média 400 exames por mês. A prefeitura garante que o tempo de espera fica em torno de 15 dias. “É o tempo mínimo da solicitação do exame na UBS para a data de marcação do procedimento”, diz nota da administração que garante não ter filas de espera para o exame. A prefeitura também informa que prepara um mutirão de exames preventivos para a mulher até o final deste mês e que os detalhes serão divulgados em breve pela Secretaria de Saúde.

A prefeitura de Rio Grande da Serra não respondeu até o fechamento desta reportagem.

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