O HEMC (Hospital Estadual Mário Covas), em Santo André, realiza um trabalho constante de aperfeiçoamento de seus processos e protocolos de segurança e de qualidade de atendimento dos pacientes. Exemplo disso é que nos últimos anos o hospital participou de duas campanhas do Ministério da Saúde; o Paciente Seguro e o Saúde em Nossas Mãos, através dos quais trocou experiências com outros hospitais de todo o país para o aprimoramento do atendimento. Para detalhar como funciona essa área de qualidade dentro do hospital o RDTv desta segunda-feira (10/10) ouviu Rodrigo Alveti Brolo, gerente da área de Qualidade e Processos; e Gisele Rabello, enfermeira área de Qualidade, ambos do hospital.
Segundo Brolo, primeiro tem de identificar e fazer o percurso, se colocar no papel do paciente; ver qual é a entrada do paciente, se pela emergência ou pelo ambulatório e compreender o caminho que ele vai percorrer no hospital para iniciar o mapeamento de processo. “Com isso, identificam oportunidade de melhoria dentro desse percurso para, então, começar a trabalhar protocolos de qualidade, de segurança e definir algumas barreiras para que incidentes dentro dos hospitais não aconteçam”, explica.
A enfermeira Gisele diz que os procedimentos também dependem do tipo de patologia que o cliente vem tratar. O que tenta fazer junto como os profissionais é criar os protocolos de segurança. O mapeamento de processo muda com o cenário da covid, que fez revisitar todos os processos e identificar neles quais são os novos riscos que o paciente pode sofrer.
Nesse processo todos os funcionários participam, até dos setores de recepção, portaria, direção, administrativo, da hotelaria, além dos profissionais de saúde. “O hospital tem sempre que dar uma parada para revisitar esses processos que já estão desenhados e identificar algumas oportunidades de melhoria”, diz Brolo.
A enfermeira da área de qualidade diz que no HEMC é um canal de comunicação em que os profissionais podem notificar situações de risco, algum gargalo ou oportunidade de melhorias. “Nesse canal ele pode informar qualquer coisa e também nós, da equipe de qualidade, que fazemos uma visita ao local. Nós também reunimos os profissionais envolvidos para discutir melhorias dentro desse processo, sempre voltado para o centro do cuidado que tem que ser o paciente”, diz Gisele.
O gerente da área de qualidade conta que há uma integração entre os hospitais da região, municipais ou estaduais, e também com instituições de outras regiões, como aconteceu com os dois projetos do Ministério da Saúde. “Temos bastante troca de informação aqui na região entre os hospitais, entre os Ames também, sempre tentando identificar alguma melhoria nos serviços de saúde, claro que cada hospital tem sua especificidade. A gente busca, com os colegas, como se pode potencializar a segurança no ambiente hospitalar. Nos últimos o HEMC participou de alguns projetos do Ministério da Saúde como o Paciente Seguro e o Saúde em Nossas Mãos, e conhecemos vários hospitais, diferentes formas de trabalho em todo o Brasil e mantemos contatos hoje para compartilhar essas experiências com a nossa região”, afirma.
O aperfeiçoamento e treinamento de equipes é constante. Gisele conta que a equipe tem as reuniões voltadas à segurança do paciente, para alinhamento dos resultados, então algumas acontecem de forma mensal. Algumas comissões são justamente para discutir resultados. “E temos também um programa de desenvolvimento e ações para treinamento e capacitação que ocorrem durante todo o ano, além do o controle da parte de infecção, para falar das boas práticas como higiene de mãos, então durante o ano inteiro tem programação voltada para isso”, diz.
Rodrigo Alveti Brolo afirma que a qualquer protocolo ou barreira, um esquema de contingência tem de ser preparado, caso algum processo seja quebrado. A qualidade está ali para apoiar a equipe assistencial. Quando fazem o mapeamento ou re-mapeamento buscam criar algumas barreiras, em especial à segurança do paciente e dos colaboradores e, barreiras podem ser quebradas e tem que ter uma contingência por isso a relevância da qualidade estar sempre, passo a passo, com a equipe assistencial. “Não pode ficar numa sala, tem que ver o que acontece na ponta, porque é ali que a gente consegue observar o que pode melhorar no dia a dia”, comenta.
Brolo e Gisele explicam que uma auxiliar de enfermagem exclusiva de segurança do paciente fica passando em visitas observacionais dentro de todas as unidades do hospital para tentar identificar pontos de qualidade ou gargalos que a qualidade possa apoiar a atividade de assistência. “O protocolo de segurança é aplicado de ponta a ponta no hospital, engloba ambulatório, farmácia, enfim todas as áreas precisam ser mapeadas”.
Farmácia
No HEMC, funciona a farmácia de dispensação de medicamentos de alto custo com maior movimento na região. Nos momentos mais críticos da pandemia da covid-19 houve uma grande mobilização para mudança dos processos para reduzir a circulação de pessoas no hospital. “Em época do estouro a covid, teve aquela mobilização total e tivemos que fazer esse mapeamento e alguns medicamentos de alto custo, para não mobilizar pessoas na unidade, foram entregues nas residências. O Estado colaborou muito com esse manejo de dispensar o medicamento na residência para não ter aquele aglomerado de pessoas. As tecnologias chegaram para agregar, algumas videoconferências foram realizadas para não ter o contato no momento da pandemia. Teve que remapear, repensar o formato de atendimento, para aquela necessidade e agora readequando para o atendimento presencial”, explicou Brolo.
O gerente completa dizendo que uma das medidas da área de qualidade é agregar a família dos pacientes à equipe de atendimento multiprofissional, conscientizando principalmente sobre a necessidade de colaboração dos familiares para evitar a infecção hospitalar. “A infecção hospitalar não existe só porque os microorganismos circulam dentro do ambiente hospitalar, mas de microorganismos que chegam de fora do hospital e muitas vezes com o familiar, então o ato de tocar no paciente deve ter algumas medidas. Antes de chegar naquele abraço, naquele beijo tão desejado que a gente quer”, completa.
“O engajamento da família e do paciente já era uma prática na instituição, na pandemia acabou sendo interrompido e é uma proposta para a gente reiniciar. Fazer abordagem com os familiares na sala onde ficam aguardando para entrar na visita e darmos uma mini-aula falando dos protocolos de segurança, do cuidado com os objetos do paciente, da higiene de mãos, então trazemos a família para a participação desse cuidado. E isso dá resultado”, finaliza Gisele.