As chuvas das últimas semanas foram tão intensas que trouxeram inundações e deslizamentos, mas a situação ficou ainda mais grave desde a última sexta-feira (17/02). Na terça-feira (21/01) uma mulher morreu no Jardim Zaíra, em Mauá, quando sua casa foi atingida por um deslizamento, e a situação levou a prefeitura a decretar estado de emergência. Já Diadema informou que vai lançar uma campanha de prevenção para desastres naturais. A previsão do tempo para o ABC, segundo o site FreeMeteo, é de chuva volumosa até o fim da semana, com trovoadas.
Somente em Santo André são 17,5 mil pessoas que vivem em áreas de risco seja para deslizamentos ou inundações. Nas últimas 48h entre terça e quarta-feira (dias 21 e 22/02) a Defesa Civil do município fez 54 atendimentos; foram seis deslizamentos, quatro alagamentos ou inundações, uma queda de árvore, 13 vistorias de árvores e 21 vistorias diversas, em muros e vias, por exemplo. A prefeitura informou que não houve registro de vítimas. “Existem 81 áreas mapeadas, dividas em 119 setores com Risco Alto e Risco Muito Alto para erosão, inundação e escorregamento de massa. No caso de risco geológico (deslizamento de terra e escorregamento de massas) podemos citar como exemplos Parque Miami, Recreio da Borda do Campo, Cata Preta, Jardim Irene e Jardim Santo André. Há risco de pontos de alagamento ou inundação em bairros como Vila Guaraciaba, Vila Pires, Vila América, Santa Teresinha, Jardim Bom Pastor e Utinga.
O paço andreense informou os investimentos feitos para a prevenção de desastres no ano passado. “Foram investidos cerca de R$ 37 milhões com prevenção e minimização de desastres, como obras de contenção, melhoria na drenagem, melhorias em núcleos habitacionais, treinamento de servidores, comunidade e escolas, melhoria no sistema de monitoramento com a instalação de 26 estações meteorológicas, instalação de câmeras de monitoramento, instalação de Centro de Monitoramento de Riscos e implantação do Centro de Resiliência às Emergências de Defesa Civil de Santo André”.
São Bernardo teve desabrigados que foram atendidos. “A Defesa Civil do município atendeu a 31 ocorrências nas últimas 48h, sendo dois deslizamentos de terra, 18 quedas de árvores e três inundações, todas sem vítimas. As demais ocorrências referem-se a atendimentos de menor gravidade, como infiltrações. Ao todo, nove pessoas precisaram ser atendidas pelo serviço de assistência social no período. O Plano Municipal de Redução de Risco tem mapeados 126 setores de risco, com um total de 2.010 moradias ou edificações com outros usos. Desde 2017, a prefeitura já investiu mais de R$ 500 milhões em obras estruturantes de combate aos impactos das chuvas, como pacote de taludes e de contenção de encostas. A Prefeitura realiza, neste momento, a 6ª edição da Operação Pé D´Água. A força-tarefa, que irá vigorar até 15 de abril de 2023, conta com ações diversas, desde o monitoramento das chuvas no município, mutirões preventivos nas áreas mais vulneráveis, além de plano de resposta para situações de emergência e eventuais incidentes”. Já segundo a Defesa Civil do Estado a cidade tinha, em 2020, 7.071 casas em áreas de risco muito alto e outras 6.695 em risco alto para deslizamentos.
Em Diadema são aproximadamente, segundo os cálculos da prefeitura, seis mil pessoas vivendo em áreas de risco para deslizamentos ou inundações. A prefeitura informou, em nota, que vai lançar nos próximos dias a Campanha Municipal de Prevenção de Desastres Naturais. “Essa medida visa manter a população e a cidade mais seguras durante a temporada de chuvas de verão que acontece até o final de março”, diz a nota. Nesta quarta-feira (22/02), a Defesa Civil de Diadema anunciou o balanço das ocorrências causadas pelas fortes chuvas durante os dias de Carnaval (18 a 22/2) em que o município não registrou vítimas nem desabrigados, apesar de diversas ocorrências atendidas pela Defesa Civil. No período foram 50 atendimentos, sendo 35 quedas totais ou parciais de árvores, quatro quedas de muros e outras estruturas; três interdições ou isolamentos de muros com alto risco de desabamento; quatro deslizamentos de taludes e seis pontos de alagamentos. “Quanto as áreas de risco, a cidade tem mapeadas 10 áreas caracterizadas como R4 (muito alto), devidamente monitoradas. Nesses locais estão cerca de 1.500 famílias (aproximadamente 6 mil pessoas)”, informa a prefeitura. Os dados de 2020 da Defesa Civil estadual mostram 682 áreas de risco muito alto e 1.152 de risco alto.
A prefeitura de Ribeirão Pires informa que desde sábado até terça-feira, dia 21, atendeu cerca de 50 ocorrências, entre deslizamentos, quedas de árvores, alagamentos e afundamento de pistas. Na maioria dos locais os problemas já foram solucionados e, em alguns pontos, as equipes continuam trabalhando para normalizar a situação. Em Ribeirão Pires não houve vítimas e nem desabrigados.
São Caetano e Rio Grande da Serra não divulgaram relatórios até o fechamento desta reportagem.
Mauá decreta estado de emergência após deslizamentos e morte
Em Mauá onde uma mulher morreu na noite de terça-feira (21/02) o prefeito Marcelo Oliveira (PT) decretou estado de emergência. A medida foi tomada após reunião do comitê de crise, que é montado permanentemente pelo município nos períodos com maior índice de chuvas. Até o momento já choveu 140% a mais do que o previsto pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e pela Defesa Civil do Estado de São Paulo. O esperado para 28 dias era 284 milímetros, porém até a noite de quarta-feira (22/02) choveu 685 mm.
Na noite de terça-feira (21/02), o prefeito Marcelo Oliveira conversou novamente com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e com o Ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, para solicitar a liberação de recursos para a recuperação e reconstrução das áreas afetadas pelas fortes chuvas.
Sirenes
Além do estado de emergência, outras medidas foram anunciadas. As equipes da prefeitura estão mobilizadas em uma força-tarefa para identificar as famílias que vivem em risco iminente para a remoção imediata de suas casas, pois há previsão de mais chuvas para os próximos dias. A administração municipal também irá acelerar o processo de implantação de sirenes para alerta de chuvas em áreas de risco. Também será encaminhado ao Legislativo, em caráter de urgência, projeto de lei que aumenta o valor do Auxílio Emergencial Financeiro para pessoas afetadas por desastres naturais. Originalmente fixado em R$ 300, deverá ser reajustado para R$ 500.
Morte
Durante a noite de terça-feira (21/02), a Defesa Civil de Mauá atendeu a duas ocorrências. Na rua Júlio Antônio Conde foi registrado deslizamento de terra sobre uma casa. Três pessoas foram socorridas. Uma delas estava sem ferimentos e duas foram levadas ao Hospital Nardini. Uma mulher com idade entre 50 e 60 anos chegou sem vida ao hospital. O marido dela também foi encaminhado, mas recusou o atendimento e foi embora. Na Rua Dona Áurea Oliveira da Silva, também no Jardim Zaíra, uma casa desabou e um homem, de 43 anos, foi resgatado e socorrido. Ele recebeu alta por volta do meio-dia desta quarta-feira.