Eleita vice-prefeita em 2020 e assumindo o comando do Paço de Rio Grande da Serra há oito meses, Penha Fumagalli, teve que ultrapassar diversos desafios pessoais para chegar com força no meio político. Em entrevista ao RDtv, nesta terça-feira (07/03), a política contou a sua história e relatou sua visão sobre a participação feminina na política.
Penha relatou que seu interesse pela política ocorreu há quase quatro décadas, após ver um candidato realizando uma campanha na cidade. “Depois daquele dia entrou no sangue a questão de fazer parte dessa luta que é a vida política, principalmente das mulheres”, disse a prefeita que logo de cara viu as dificuldades para que a luta feminina entrasse realmente na pauta política.
“Imagina há 40 anos atrás, a participação era muito menor. Hoje ainda temos uma certa dificuldade de ter mulheres que participam da política, principalmente pelas condições de dupla, tripla jornada. Em um ambiente extremamente machista. Imagina tudo isso há quase 40 anos atrás, era basicamente impossível as mulheres participarem de fato da política. Esse foi o despertar da minha vida, a luta em prol dos direitos, em busca dos direitos, em busca de uma cidade melhor, onde eu nasci e me criei, e hoje estou à frente”, explicou.
Outro desafio foi no ambiente familiar. O pai foi o primeiro a tentar impedir a participação de Penha Fumagalli no meio político. Porém, no passar dos anos outros desafios e outras barreiras foram criadas, não apenas no mundo partidário ou familiar.
“No desenvolver da minha vida isso aconteceu por várias vezes, não só na política partidária, mas também no ambiente sindical, que também é outro modo de fazer política e também é um seguimento totalmente machista. Muitas das vezes a dificuldade era grande, e tínhamos de mostrar no dia a dia, como temos que mostrar até hoje, a cada vez, que somos capazes de fazer política, de ter o nosso espaço igual aos homens”, falou a prefeita que esteve no sindicalismo por 15 anos.
Sobre a família, um outro ponto foi lidar com o afastamento que o meio político cria dos familiares e tendo ao mesmo tempo sendo cobrada para ficar mais próxima do filho e dos netos.
“Hoje eu tenho um filho que vai fazer 34 anos, eu tenho cinco netos. Inclusive ontem (segunda, 06/03) minha neta mais velha até me mandou uma mensagem a noite me dizendo ‘quando você vai ter um tempo para estar com a gente?’. E essa cobrança é persistente, é da família, agora com os netos, e a gente acaba tendo que abrir mão para continuar lutando, para persistir na luta por um mundo melhor, mais justo e mais igualitário entre homens e mulheres”, relatou.
Políticas Públicas
Em Rio Grande da Serra, Penha afirma que teve que tirar do papel alguns projetos que visam as mulheres, como um curso ministrado em parceria com o Senai e até mesmo a implantação da Patrulha Maria da Penha, na qual uma equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) acompanham mulheres vítimas de violência doméstica e que contam com medidas protetivas contra seus ex-maridos. Segundo a prefeita, atualmente são 14 mulheres que passam por essa condição.