Em cada ano do triênio 2023-2025 serão diagnosticados cerca de 46 mil casos novos de câncer colorretal no Brasil. É o segundo tipo mais incidente no País, entre homens e mulheres, atrás do câncer de próstata e de mama feminina, respectivamente. O alerta é do INCA (Instituto Nacional do Câncer), do Ministério da Saúde. De acordo com especialistas, a piora na qualidade da alimentação e o estilo de vida da população são as principais causas da doença.
Além disso, a doença, que costumava persistir em pessoas com mais de 50 anos, tem afetado os jovens e, de acordo com estudo da American Cancer Society (ACS), o diagnóstico em adultos de 20 a 39 anos tem crescido entre 1% e 2,4% por ano desde a década de 1980.
Para o RD, a nutricionista e especialista em nutrição oncológica pela Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica (SBNO), Edilaine Stella da Cruz, afirma que o aumento do consumo de embutidos, frituras, alimentos ricos em gordura, alimentos processados e ultra processado e fast-foods é o maior responsável pelo crescimento de casos de câncer de intestino em jovens.
Erro na alimentação
Edilaine explica que e a alimentação é pobre em frutas, verduras, legumes e alimentos integrais, o que aumenta a produção de radicais livres, responsáveis por atacar as células normais, promover a sua mutação e favorecer o surgimento do câncer colorretal. “Este tipo da doença atinge a parte do intestino grosso, chamada cólon, o reto e o canal anal”, afirma.
Ao ser questionada sobre os maiores erros cometidos na alimentação, Edilaine diz que a população deixou de comer alimentos naturais, como frutas, verduras e legumes da feira, carnes do açougue, da peixaria, da avícola. “O nosso ‘arroz com feijão + salada + uma proteína animal + uma fruta’ foi substituído por lanches hiper calóricos, salgadinhos, pastelaria, refrigerantes, doces, biscoitos recheados, bebidas açucaradas como sucos de caixinha, bebidas lácteas e refrigerantes”, diz. Além disso, afirma, não respeitar os horários das refeições também é uma agressão para todo o organismo.
Em relação ao tipos de alimentos que devem ser evitados para não causar doenças, como o câncer de intestino, a nutricionista reforça o perigo de alimentos e bebidas ultraprocessados. São produtos prontos para consumir ou aquecer, como lasanhas, salgadinhos, biscoitos alimentos do tipo fast-food, bebidas açucaradas, entre outros.
Edilaine explica que os alimentos ultraprocessados têm elevadas quantidades de açúcar, gordura e/ou sal e calorias, e promovem o excesso de peso, que aumenta a chance de desenvolver câncer. As bebidas açucaradas, como refrigerantes, chás e sucos industrializados, também apresentam elevado valor calórico, além de fornecer poucas fibras, vitaminas e minerais. “Carnes processadas, como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru podem aumentar a chance de desenvolver câncer”, alerta.
Sintomas
O oncologista da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Auro del Giglio, explica que os sintomas variam entre sangramento nas fezes, cólicas, diarreia até constipação. “Por conta da pandemia, o exame preventivo, que é a colonoscopia, teve queda de adesão e, por isso, os casos ficaram mais graves e os sintomas ficam mais evidentes”, expõe.
Todo câncer de colo e reto se origina de uma lesão chamada pólipo, pequena saliência no intestino, que infelizmente é assintomática, já que a pessoa vive muitos anos com isso sem saber, o que pode atrasar o diagnóstico. “Por isso, é importante realizar exames preventivos constantemente e se alimentar corretamente para evitar grandes problemas no futuro”, recomenda o médico.