Perto de completar 100 anos no atual endereço, o Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, em Santo André, carrega uma trajetória de luta para sobreviver à ação do tempo e para resguardar memórias das expressões artísticas que passaram pelo local, com visão, ainda, para o futuro. A exposição Tempo Presente, composta por peças que retratam, como flashes, essa jornada, foi prorrogada até o dia 14 de junho. A mostra fica na rua Senador Fláquer, 110, centro.
A mostra tem como objetivo de localizar o simbólico espaço cultural no ambiente artístico, no contexto cinematográfico, teatral e cultural do tempo presente; bem como de situá-lo socialmente e territorialmente não só na cidade, mas também na região.
A exposição é composta por mais de 120 itens impressos referentes a vários momentos da história do Carlos Gomes, como periódicos, programas, documentos, jornais e revistas, fotos, negativos, cartazes e pôsteres, além de registros audiovisuais de acervos e depoimentos coletados do público, artistas e da comunidade, que de algum modo experimentaram eventos e a intensa vida cultural e social já promovida pelo Cine Theatro em outros tempos.
Além disso, “Tempo Presente” conta com duas peças sonoras (Memorial do Cine Theatro Carlos Gomes e Poema Sinfônico Industrial à Preservação do Patrimônio Cultural) e com o documentário “Cine Carlos Gomes: patrimônio e memória como fenômenos coletivos”.
Histórico
Antes de ocupar o imóvel localizado na Rua Senador Fláquer, o Cine Theatro de Variedade Carlos Gomes foi inaugurado em 21 de setembro de 1912, em um espaço que ficava na Rua Coronel Oliveira Lima, na esquina com a Rua Savino Degni. O espaço nasceu como uma casa de diversões públicas dedicada a bailes, carnavais, concertos, óperas, revistas musicais, teatro e filmes, e por isso foi considerado o primeiro Cine Theatro do ABC, dando início ao movimento teatral na região.
Em 1923 começou a ser construída uma nova edificação – obra realizada por Gino Luiz Boschetti e Arthur Boschetti – com pinturas murais artísticas nas paredes e boca de cena de autoria de Luiz Cereja. Acima da boca de cena, o pintor retratou um medalhão com o perfil do compositor Carlos Gomes, sendo esse um elemento marcante no prédio que permanece até os dias de hoje. O novo cinema foi reinaugurado em agosto de 1925, na Rua Senador Fláquer, esquina com a Rua Cesário Mota e fundos para a Rua Gertrudes de Lima onde está localizado atualmente.
Em 1987, o Cine Theatro foi fechado e ocupado por uma loja de tecidos, época em que sua fachada foi descaracterizada, e também por um estacionamento. Depois de muita pressão popular, o espaço já deteriorado foi desapropriado em 1991 e permaneceu fechado por muitos anos. Após novo projeto, passou por reforma de readequação e restauro e foi reaberto ao público em abril de 2022.