O consumo de alimentos ultraprocessados aumentou 5,5% pelos brasileiros na última década. Os dados foram divulgados na Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). O consumo do tipo de produto pode levar à obesidade, ao aumento de doenças crônicas, como câncer e até depressão. Por isso, precisamos voltar a comer comida. O alerta é da nutricionista Narjara Pereira Leite, professora do curso de Nutrição do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).
“As pessoas não vão mais à feira, temos de voltar aos hábitos normais de cozinhar”, observa a professora que tem um lema: “descasque mais e desembale menos”. Além de ser mais saudável, a redução de alimentos embalados afetam também a qualidade de vida do planeta, diz.
Os alimentos são classificados da seguinte forma: in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados. Sendo alimentos processados aqueles que recebem conservas, como sal, açúcar, óleo etc. Já os ultraprocessados, além das conservas levam aditivos químicos para aumentar a vida útil do produto na prateleira.
Os principais alimentos ultraprocessados são bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos de caixinha, biscoito recheado, macarrão instantâneo, batata congelada, salgadinhos, bala de goma, chocolates, margarina etc. “A saída é escolher alimentos in natura, que foram pouco manipulados pela indústria”, afirma.
Najara afirma ainda que não existe quantidade de consumo seguro de alimentos ultraprocessados. “O ideal é evitar ao máximo comer”, diz. Já os produtos processados não farão mal se o consumo for esporádico, em pequenas quantidades e aliado a uma dieta saudável e balanceada.
Os maiores consumidores de alimentos ultraprocessados são crianças, adolescentes e adultos. Estudo realizado pela FMABC aponta que 60% da ingestão calórica de crianças são a base de alimentos ultraprocessados. A pesquisa analisa 200 crianças atendidas no laboratório de Nutrologia Pediátrica da faculdade, que já apresentam alterações na saúde, como pressão alta ou colesterol. A publicação do trabalho deverá sai até o fim do ano.
Vale salientar que, em outubro de 2022, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) baixou uma resolução com novas regras de rotulagem. A ideia é as embalagens trazerem maior clareza nas informações dos produtos para ajudar o consumidor em escolhas mais saudáveis. Dessa forma, passa a ser obrigatório a declaração de açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes. As informações deverão estar localizadas próximas à lista de ingredientes e em superfície contínua sem divisões. Foi estabelecido o prazo até 9 de outubro de 2023, para que todas marcas cumpram a obrigatoriedade, passíveis de punição.