Entre os diversos significados para a arquitetura, existe um simples e direto: é o pensamento do espaço em que a vida humana acontece. Os profissionais que atuam na construção das cidades, sejam eles arquitetos, urbanistas ou construtores, precisam pensar em como essa vida humana será impactada com cada obra, mas os cidadãos também podem ajudar? Segundo estudos dos alunos do curso de Arquitetura na USCS (Universidade de São Caetano do Sul), a participação social nas cidades vai além de criar soluções para os problemas com tecnologia, envolve um processo colaborativo no qual os cidadãos são envolvidos na tomada de decisões, planejamento urbano e na formulação de políticas públicas.
Em entrevista ao RDtv, os formandos do curso de Arquitetura Laís Macedo e Natan Barreiro Monteiro relataram o motivo de ambos se interessarem na participação dos munícipes na arquitetura das cidades de São Bernardo e São Caetano para os trabalhos de conclusão de curso. “Ao longo de todo o curso, vemos esta interação das pessoas com o espaço na área de urbanismo e, durante a minha graduação, realizei uma pesquisa de iniciação cientifica com este tema da relação entre o urbano e as pessoas. Como me interessei por isso, decidi continuar nesta linha para o meu TCC que teve como tema Memória e Gestão: A Memória Social Como Instrumento Participativo Do Planejamento Urbano Na Cidade De São Bernardo Do Campo”, afirma Laís.
Já Natan focou na ideia de cidades inteligentes para construir seu trabalho final. “O tema do meu trabalho foi Cidades do Futuro: A participação cidadã na cidade de São Caetano do Sul. Durante a pesquisa, vi que no contexto de uma cidade inteligente existem diversas visões e abordagens no que se trata do foco que uma cidade tem de tomar, seja política ou sócio ou economicamente, mas decidi focar na participação do cidadão nas decisões de planejamento e gestão da cidade, demonstrando propostas de projetos e iniciativas implementadas e bem-sucedidas”, conta o formando.
O professor de Arquitetura da USCS, Tiago Seneme Franco, explica que dentro do curso o tema “cidade” nunca se esgota, já que sempre terá possibilidades de mudança. “O grande campo de atuação do arquiteto e do urbanista no nosso tempo é trabalhar em cima das cidades. Nosso curso tem uma preocupação muito grande para que o aluno entenda a sua região e, um dos nossos grandes desafios agora é aprender a estabelecer instrumentos participativos com a população, além de saber como fazer a arquitetura e o urbanismo”, destaca.
Tendo como objeto de estudo a área central de São Bernardo, o objetivo do trabalho de Laís era levantar, analisar e compreender a participação da memória social relacionada aos espaços urbanos e a arquitetura para subsidiar práticas de planejamento urbano. “Ao ouvir as histórias dos moradores, as experiências e perspectivas, foi possível identificar as principais necessidades e aspirações da população local. Essa abordagem participativa promove um sentimento de pertencimento e empoderamento dos cidadãos, uma vez que suas vozes são ouvidas e consideradas na tomada de decisões”, afirma a formanda.
O trabalho de Natan teve como objetivo analisar a participação cidadã em São Caetano e em decisões de leis e projetos, apresentando cidades inteligentes nacionais e internacionais,
seus conceitos e suas soluções quanto a participação de seus cidadãos na cidade.” Depois de analisar as cidades inteligentes referências no Brasil e no mundo, além de suas soluções quanto a participação cidadã, apresentamos sugestões sobre projetos e iniciativas que o poder público de São Caetano possa utilizar para uma maior e melhor participação de seus cidadãos”, diz.
O professor do curso reforça ainda que a grade é muito vasta e o tema urbano está presente durante os cinco anos da graduação. “Desde o inicio do curso, discutimos regionalidade, as cidades do ABC e até discutimos como um novo edifício pode influenciar na arquitetura da cidade. Além de já existir aulas sobre urbanismo, os próprios alunos trazem suas realidades e aquilo que acreditam que podem melhorar na região e, já notamos que esta participação popular já se encontra presente em nós”, finaliza.