Em diversas regiões do país acontece neste feriado de 7 de setembro o Grito dos Excluídos um movimento iniciado em 1.995 e que já está em sua 29ª edição. No ABC a concentração será em São Bernardo, onde está prevista missa na Igreja Matriz celebrada pelo bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipolini, caminhada e falas de lideranças de movimentos sociais. Os organizadores contam que os temas que devem ganhar mais destaque são a violência contra a mulher, os casos de feminicídio ocorridos na região, a repressão aos movimentos de moradia e a continuidade de projetos sociais.
O manifesto reúne pastorais da igreja católica e representantes de outras religiões e movimentos sociais. No ano passado o Grito dos Excluídos do ABC foi realizado em Santo André. Após o evento durante as reuniões dos organizadores se definiu pela formação do Fórum Permanente de Combate às Desigualdades, que elaborou uma carta que foi levada ao Consórcio Intermunicipal do ABC. Walter Veludo Neto, um dos articuladores do Grito do ABC e membro do CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil) diz que a entidade regional recebeu bem o conjunto de propostas, mas na prática os temas colocados ainda não avançaram. “O Grito não termina no 7 de setembro, ele é permanente e à partir dele surgem encontros e rodas de conversa, por isso chamamos os movimentos sociais para participarem e se somarem a nós para darmos voz aos excluídos da sociedade”.
Segundo Veludo Neto, o advogado Jaime Fregel, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai participar do Grito este ano. “Ele vai falar sobre essa questão da violência contra a mulher e também vamos receber Tiago Quintanilha, coordenador no ABC do Movimento Nacional da População de Rua, para tratar desse que é outro tema que nos trás muita preocupação que é o aumento do número de pessoas vivendo nas ruas”.
O advogado e vice-presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santo André e também um dos organizadores do Grito dos Excluídos do ABC, Ronaldo Machado Pereira, destaca também que a moradia merece uma atenção especial na edição deste ano do movimento. “Acho que esse é um dos aspectos centrais deste encontro porque tivemos situações na Vila Joaninha, no Areião e no Sabesp, de reintegrações de posse, por isso também que o Grito vai ser realizado em São Bernardo, para ser mais significativo”.
Pereira conta que um dos pontos importantes da mobilização desta quinta-feira será a defesa do projeto social Meninos e Meninas de Rua. “Tanto que a nossa mobilização começa com a missa, seguimos em caminhada que vai terminar na sede do projeto social, queremos abraçar a iniciativa”, disse o advogado. O projeto trava uma luta judicial para se manter em sua sede, na rua Jurubatuba onde presta serviço à comunidades carentes há mais de 30 anos. Uma decisão do Tribunal de Justiça determinou o despejo da instituição do imóvel que é da prefeitura. A disputa jurídica subiu para as instâncias superiores.
“O Grito é um momento de paz, não de disputa política, porém queremos o aprofundamento da participação popular nas questões relevantes, como no projeto social, na violência contra a mulher e outras questões. O Fórum Permanente de Combate às Desigualdades surgiu no ano passado após o Grito, agora, quem sabe, podemos definir outra forma de atuação”, completa o vice-presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese.
Programação:
8h00 – Missa na Igreja Matriz de São Bernardo – Basílica Menor de Nossa Sra. da Boa Viagem, com a presença do bispo Dom Pedro Carlos Cipolini e demais padres e religiosos da Diocese.
9h00 – Café solidário aos participantes que vem de longe, de todas as sete cidades da região.
9h30 – Concentração na Praça da Igreja Matriz e início de manifestações do Grito
10h00 – Caminhada com 10 paradas temáticas onde lideranças darão seus gritos.
O trajeto será pela rua Marechal Deodoro, rua Ernesta Pelosini, rua Jurubatuba até o número 1610, sede do o Projeto Meninos e Meninas de Rua, onde acontece o enceramento com momento ecumênico e atividades culturais como roda de samba, rap e sarau.