ABC - quinta-feira , 9 de maio de 2024

Apesar do Desenrola, varejo não tem grande expectativa para Black Friday e Natal

Consumidor vai preferir as lojas físicas no Natal e a Black Friday atrai mais consumidor nas vendas online. (Foto: Angelo Baima/PMSA)

Apesar da estratégia econômica do governo é dar mais crédito e tirar famílias dos cadastros de devedores e assim estimular o consumo e aquecer a economia, o varejo ainda não enxerga, ao menos por enquanto, uma grande mudança das expectativas de vendas de fim de ano que têm sido de vendas bem estagnadas nos últimos anos. O programa Desenrola, que traz a perspectiva de limpar o nome de centenas de milhares de pessoas com dívidas em atraso, já deve trazer algum reflexo, mas nada que faça as previsões muito maiores do que 10% de crescimento sobre as vendas do ano passado.

Para o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), Valter Moura Júnior, a Black Friday, considerada o “esquenta” para o Natal, ainda precisa ser melhor regulamentada no país, pois ainda há muita fraude nas promoções, segundo ele. “Mesmo com as fraudes ela já deve trazer um bom resultado, perto de 8% a mais de vendas do que no ano passado, isso porque a Black está mais voltada para os eletrônicos e para as vendas online. O e-commerce fica mais fortalecido”, estima. Já para o Natal, ele prevê que o crescimento em vendas pode ficar entre 10% e 12%. “No Natal já temos mais as vendas físicas no varejo, e as lojas de rua se beneficiam mais. Eu vejo que os setores de vestuário, calçados e também os eletrônicos se destacam, porém o turismo deve se aquecer mais, como também as vendas de brinquedos que, por incrível que pareça, são ainda mais fortes no Natal do que no Dia das Crianças”.

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Moura Júnior disse que ainda é cedo para prever um tíquete médio, porém ele aposta que este será mais um Natal de maior venda dos produtos considerados populares. “As lojas do comércio popular, aquelas vendem artigos de valor menor vão vender muito. São muitas das lojas que encontramos na rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo”, completa.

Da mesma opinião é o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) Pedro Cia Júnior. “Nossa perspectiva é sempre otimista, mas no momento é difícil dizer o quanto esse fim de ano será melhor do que o do ao passado. “A inflação não está tão alta, os juros baixando, porém ainda temos uma taxa muito alta de negativação na Acisa. O governo falou em desemprego de 8%, mas o que vemos é que muita gente desistiu de procurar emprego, portanto essa taxa oficial não significa ainda que estamos gerando mais renda”, analisa.

“Eu não acredito em um Natal com presentes caros”, diz Pedro Cia Júnior sobre o tíquete médio. “Vai ser mais um Natal de lembrancinhas, eu penso em um valor médio de compras mais ou menos igual ao do ano passado. O varejo popular  é o que se deve destacar mais”, aposta o presidente da Acisa. Para ele, o segmento de eletrônicos e eletrodomésticos deve continuar forte na Black Friday e os setores de vestuários, calçados e perfumes de destacam mais no Natal”.

O presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, Alexandre Damasio Coelho, diz que a previsão é a de que o programa Desenrola, do governo federal, traga algum resultado positivo neste fim de ano. “O reflexo dele começa a chegar em novembro então, em dezembro a previsão é de vendas melhores”, analisa. Desde o início do programa federal Coelho aponta para um erro no programa, que é não proporcionar uma educação financeira para os devedores que voltam a ficar aptos ao crédito e isso deve desinflar rapidamente o efeito positivo inicialmente obtido pelo programa. “Como não teve uma educação financeira o cidadão vai gastar mais, como é de costume no fim do ano, pois está com o nome limpo, mas pode voltar ao cadastro de inadimplentes em março”, prevê.

Levantamento feito pela CDL de São Caetano em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC com base nos números do SPC mostram que o os negativados nas sete cidades da região têm, em média 2,132 dívidas em atraso. O número ficou acima da média da região Sudeste (2,122 dívidas por pessoa inadimplente) e acima da média nacional registrada no mês (2,082 dívidas para cada pessoa inadimplente). Os dados são referentes ao mês de agosto e naquele mês cada devedor tinha, em média, R$ 5.157,06, em contas atrasadas. Os dados ainda mostram que 25,88% dos consumidores da região tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 38,18% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000. O tempo médio de atraso dos devedores do ABC é igual a 25,6 meses, sendo que 36,62% dos devedores possuem tempo de inadimplência de 1 a 3 anos.

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