O PSDB segue em mais um capítulo de sua disputa interna para definição de sua direção. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, conquistou na última segunda-feira (11/09) uma liminar que busca interromper uma prorrogação de mandato da atual Executiva Nacional e por consequência a convocação de novas eleições em 30 dias. Nesta terça-feira (12/09), a diretório nacional negou qualquer tipo de afastamento dos atuais mandatários e afirmou que está em curso um novo calendário de eleições internas que seguirão até novembro.
A princípio foi divulgada a decisão da juíza de direito substituta, Thais Araújo Correia, do TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal), deferindo a liminar pedida por Morando para que a segunda prorrogação do mandato da Comissão Executiva Nacional do partido (de 1º de junho de 2022 a 1º de junho de 2023) fosse declarada nula e que novas eleições internas acontecessem em um mês.
“É imprescindível reconhecer a nulidade da prorrogação do mandato da comissão executiva nacional, com vigência de 01.06.22 a 01.06.23”, afirmou a juíza em sua sentença. “Julgo procedente o pedido de Orlando Morando para declarar a nulidade da segunda prorrogação da comissão executiva nacional e de todos os atos subsequentes, determinando que o réu realize, no prazo de 30 dias, uma nova eleição para eleger os membros da comissão executiva nacional.”
Em nota oficial, o partido negou que com a liminar houve qualquer afastamento da atual direção nacional, presidida pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e que tem como tesoureiro o prefeito de Santo André, Paulo Serra. “A sentença de primeiro grau não produz efeitos imediatos na atual composição partidária e não interrompe o processo de fortalecimento do partido legitimado pela ampla maioria do conjunto partidário contando com a participação integral de ex-presidentes nacionais, governadores, deputados, senadores, prefeitos, vereadores e a legítima militância tucana”.
O partido também lembra que a segunda prorrogação foi aprovada em fevereiro de 2022, antes que a nova direção fosse composta. “Uma nova Executiva assumiu em fevereiro de 2023, após renúncia coletiva da diretoria anterior. Não havendo tempo hábil para realizar as convenções municipais, estaduais e a nacional até o fim do mandato, em 30 de maio, foi estabelecido novo calendário de convenções, que já está em andamento. Já foram realizadas as convenções zonais e a maior parte das convenções municipais. Em outubro ocorrem as convenções estaduais, e a nacional será realizada entre 18 e 30 de novembro”.
O tucanato nacional ressaltou que apesar da liminar não atingir o atual status de sua direção, tão pouco o calendário de eleições internas, vai recorrer da sentença com o que considera como “argumento simples”. “O que a Justiça determinou já está sendo feito mediante a ampla realização de convenções em todos os níveis”.
Paulo Serra
Ao RD, o prefeito andreense e tesoureiro do partido, Paulo Serra, lamentou o resultado de um pedido de liminar que considerou “inóquo”, principalmente levando em que conta que há um calendário eleitoral dentro do PSDB. Para o tucano, tal ação visa “prejudicar a imagem do partido em um momento de reconstrução do PSDB que está indo muito bem. Infelizmente temos que nos deparar, muitas vezes, com quem não quer o bem do PSDB”.
Serra ressalta o momento pacífico vivido no partido com as primeiras eleições zonais e municipais, e considera que a legenda está caminhando para retomar um processo de protagonismo, principalmente visando o atual cenário político nacional. “Nós estamos vendo a redução do bolsonarismo, até por algumas coisas que estão sendo descobertas. Conversei com muitas pessoas que já se posicionam como ex-bolsonaristas. O PSDB dividiu com o PT a polarização por muito tempo. Não a polarização com raiva, mas a polarização no campo das ideias. Estamos reconstruindo o partido visando retomar esse protagonismo nas eleições de 2024 e visando também a eleição de 2026”, explicou.