Apesar do crescimento da narrativa voltada para a comunidade LGBT, a população é deixada de lado quando o assunto é políticas públicas, ainda mais políticas efetivas que beneficiam os membros da comunidade. Para Paulo Araújo, presidente da Casa Neon Cunha. em São Bernardo, especializada no atendimento para o público LGBT, ainda há muito o que melhorar na sociedade para transformar de maneira efetiva a vida social de pessoas LGBTQIA+.
Em entrevista ao RDtv, Araújo afirma que o poder público não vê a necessidade de abordar pautas sociais voltadas para esse público e que, a população LGBTQIA+ só é vista quando convém à sociedade, principalmente no mês de junho (mês do orgulho LGBT). “A pauta LGBT é algo que a maioria da sociedade não tem interesse de discutir, já que muitos ainda enxergam a homossexualidade e pessoas trans de maneira preconceituosa. Qualquer assunto voltado a pessoas LGBTQIA+ ainda não é visto como prioridade por combater com a ‘moral e a ética’ daqueles que estão no poder, o que é algo extremamente preocupante e retrógrado”, reforça.
O presidente da Casa Neon destaca que um exemplo desse desdém com a comunidade é a situação que o projeto está, prestes a fechar por falta de recursos e de apoio financeiro. “Estamos realizando o trabalho de apoio à população LGBT durante todo o ano, mesmo com muito pouco. Gostaria de ressaltar a importância do nosso projeto, já que ele muda a vida daqueles que acabam em situação de vulnerabilidade social por conta do seu gênero ou orientação sexual”, diz.
O RD questionou a Prefeitura de São Bernardo sobre o projeto, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.
Casa Neon Cunha
Fundada em 2018, a Casa Neon já trouxe resultados importantes. Só no primeiro semestre deste ano, serviu mais de 18 mil refeições, custeou e assessorou em 58 retificações de nome e gênero nos documentos de pessoas trans. Além disso, formou 199 pessoas no Cozinha e Voz – projeto com a Organização Internacional do Trabalho, formou 30 pessoas no projeto Trans-Formação com a ONU e formou 12 pessoas no curso de Maquiagem com a Karen Bachini.
“O principal público da Casa são as pessoas trans que vivem em situação de rua. Na Casa Neon, elas encontram um espaço seguro para se abrigar, tomar banho, lavar as roupas e descansar. Lá, conseguem fazer três refeições por dia e recebem atendimento psicossocial, acompanhamento psicológico regular, participam de rodas de conversas e oficinas de economia solidária para incentivar o empreendedorismo e a conquista da independência financeira”, conta Araújo.
Para os interessados em ajudar a manter o espaço aberto, basta acessar o Instagram da ONG, doar qualquer quantia pela chave PIX pix@casaneoncunha.org ou realizar doações físicas de alimentos e produtos de higiene pessoal no endereço rua Luiz Ferreira da Silva, 183, no Parque Anchieta, em São Bernardo.