Apesar de ser considerada crime de ódio, a intolerância religiosa voltada às religiões de matrizes africanas ainda é muito presente na sociedade brasileira, mesmo com a popularização de costumes derivados de religiões africanas, como o ato de pular sete ondinhas na virada de Ano Novo. Ainda que seja algo difícil de ser mudado rapidamente, adeptos da umbanda e do candomblé, como o babalorixá Jurandir de Xangô, acreditam que a principal aliada no combate contra o preconceito é a educação, seja em escolas ou com ações de conscientização.
Em entrevista ao RDtv, Jurandir afirma que é importante que a cultura africana de modo geral, não apenas as religiões como também a culinária e os costumes, seja ensinada e divulgada de modo generalizado, na tentativa de diminuir a discriminação. “Infelizmente isso não deverá exterminar o preconceito contra a cultura da África, já que quem nasceu preconceituoso continuará sempre preconceituoso. Mas é necessário que o ensinamento direcionado a cultura africana para crianças e jovens seja implementado, para que a nova geração possa entender como essa cultura funciona e, assim, respeita-la”, ressalta.
Além de babalorixá, Jurandir é um dos organizadores da 16ª edição do evento Águas de Iemanjá, de Diadema, nesta quarta-feira (7/2). Destaca que o evento é uma excelente oportunidade de conhecer as religiões de matriz africana. “O evento celebrará Iemanjá, essa grande Orixá para quem todo mundo pede saúde e prosperidade pulando as sete ondas no final do ano e que, consequentemente, une pessoas de diversas crenças, o que é justamente o que queremos e precisamos. Nenhuma religião ensina o mal, todas elas ensinam o bem. As religiões de matriz africana também, dentro de uma roça de candomblé, de uma tenda de umbanda, somos uma família e todos queremos o melhor para a humanidade”, diz.
O festival reúne exposições, apresentações das casas de Umbanda e Candomblé de Diadema, palestra do professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Acácio Sidinei Almeida Santos, louvações nas nações de Umbanda, de Queto e de Tambor de Mina e uma apresentação do Carimbó.
Além disso, no dia 24 de fevereiro, a partir das 14h, estará disponível a exposição “Yemanjá, Obras do Acervo”, que terá pinturas e objetos tridimensionais do acervo do Museu de Arte Popular de Diadema, que representam Iemanjá e orixás que a cercam. A exposição é um tributo à Senhora das Águas, uma celebração da união que ela representa entre a humanidade e os elementos primordiais e ficará no Centro de Referência das Culturas dos Povos Tradicionais e Matrizes Africanas Pai Francelino de Shapanan (rua Marcos Azevedo, 240, Vila Nogueira).